O Rito AdonhiramitaMuitos Maçons possuem dúvidas a respeito das origens do Rito Adonhiramita, e não apenas os praticantes de outros Ritos, o que deve ser considerado normal, mas muitos Amados Irmãos Adonhiramitas também, o que é igualmente compreensível, já que há uma profusão de ideias e teses a esse respeito, e isso deixa principalmente os Aprendizes um pouco confusos e apreensivos.
Vez por outra vejo algumas Peças de Arquitetura publicadas sobre a matéria, e não concordo com a opinião expressa na maioria delas, mesmo porque a quase totalidade dos textos foi produzida por Maçons praticantes de outros Ritos. Não que isto seja algo reprovável ou sem validade, mas normalmente somos mais felizes quando investigamos assuntos com os quais estamos familiarizados, pois somos mais habilitados a perceber equívocos e conclusões baseadas em falsos pressupostos quando tratamos de matérias de nosso domínio. Sem contar também que alguns Amados Irmãos chegam a expressar certa aversão à prática de nosso Rito, o que não apenas é lamentável, mas se constitui num comportamento profundamente antimaçônico.
Mas volto a defender aqui a tese de nosso ancestral Irmão Voltaire, símbolo do Livre Pensamento, que afirmava: “Posso não concordar com uma única palavra do que dizeis, mas defenderei com a própria vida o direito que tendes em proferi-las”.
Outro ponto a ser considerado é a fonte onde buscamos as informações. A literatura dedicada ao Rito Adonhiramita é bastante escassa, portanto, é de se supor que as fontes mais confiáveis devem ser encontradas nos anais da Oficina Chefe do Rito, ou seja, no Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, denominado de Sublime Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas até 1973. Pelo que pude verificar a maioria dos textos sobre o tema que circulam no meio Maçônico possuem fontes diferentes desta, e assim sendo, vou me aventurar nesta seara com base em nossas próprias raízes.
Primeiramente o que temos que ter em mente é que origem e data de formalização são coisas distintas. Da mesma forma que a Maçonaria Especulativa como um todo, as origens do Rito Adonhiramita se perdem no tempo, até porque sua construção é resultado de um processo e não de uma criação premeditada. Assim sendo, não é possível estabelecer sua “paternidade” ou mesmo a “data de seu nascimento”.
Segundo Oscar Argollo na obra “O Segredo da Maçonaria” a primeira referência oficial da prática do Rito Adonhiramita se dá ainda no período considerado Operativo, no ano de 1616, constando na época que eram adotados 7 Graus. Este autor cita que em 1248 a Catedral de Colônia, foi construída por Maçons Operativos que utilizavam em sua Loja o Ritual do Egito (Mizraim em hebraico), e que este Catecismo é considerado o Rito Adonhiramita Primitivo.
Surpreso?  Não devia. A influência da Doutrina das Antigas Tradições Egípcias em nossa sublime Ordem, e particularmente no Rito Adonhiramita, são óbvias demais. Ainda duvida? Observe o Delta Sagrado, o “Olho que Tudo Vê”, a Abóbada de nossos Templos, o Pavimento Mosaico, as duas Colunas Solsticiais e por aí afora. Os Amados Irmãos que como eu também são Fratres Rosacruzes certa e claramente percebem estas influências simplesmente observando a liturgia de nossas Sessões.
Com certeza alguns Amados Irmãos estão pensando: “mas nossas bases doutrinárias são o Templo de Salomão, e por conseguinte a Tradição Hebraica”. Estão certos. Mas quem são os hebreus senão cidadãos egípcios seguidores da fé monoteísta implantada por Akhenaton naquelas terras que decidiram sair do Egito e fundar uma nação liderados pelo Moisés bíblico, não é verdade? Mas isto é assunto para outra ocasião, talvez mais adequada aos Graus Filosóficos.
Quanto à afirmação do autor não apenas de existirem Rituais Litúrgicos no Período Operativo, mas também de serem praticados no século XIII, devemos levar em conta que os primeiros Rituais da Maçonaria Especulativa não foram inventados no século XVIII, mas sim reformulados como veremos adiante. Portanto, não devemos considerar esta hipótese como absurda, nem duvidar de suas pesquisas.
A data considerada como início formal de nosso Rito é o ano de 1744, quando ocorreu a publicação da 1ª edição da obra intitulada Cathecisme de Franc-Maçons (Catecismo dos Franco Maçons) de autoria do abade Luiz Travenol que utilizava o pseudônimo, ou talvez Nome Histórico de Leonardo Gabanon, na qual alude o questionamento do Arquiteto do Templo de Salomão se chamar Adonhiram e não Hiram Abiff. Esta dúvida, aliás, existe praticamente desde a publicação da Constituição de Anderson em 1723, pois nesta época não existia a Lenda do Terceiro Grau. O primeiro ensaio sobre este mito aparece em 1726 como uma Lenda Noaquita (veja aí os Cavaleiros Noaquitas, nossa antiga denominação) relacionada à procura do corpo do Patriarca Bíblico Noé efetuada pelos seus 3 filhos: Sem, Cam e Jafet. Albert Pike, um dos mais renomados autores Maçônicos em sua obra “Moral e Dogma” argumenta que o verbete Abiff é um título (assim como Adon que significa “senhor”), uma corruptela da expressão Abi, ou Aba, que quer dizer “pai” (era assim que Jesus se referia a Deus). Há quem julgue o Rito Adonhiramita como irregular em virtude de ter efetuado alterações na Lenda do 3° Grau, um dos Landmarcks, mas se a posição de Pike não for suficiente para seu convencimento do contrário sugiro a consulta ao List of Lodges, publicado anualmente pela Grande Loja da Inglaterra. Mas julgo ser mais adequado aprofundar esta questão no Grau de Mestre Maçom.
Resta comprovado, portanto, que o Rito Adonhiramita era praticado antes de 1781, data da publicação da 1ª edição da Recueil Précieux de La Maçonnerie Adonhiramite (Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita), o que não podia gerar conclusão diferente, pois só pode ser compilado, ou resumido, aquilo que já é existente.
O que podemos afirmar com certeza é que o Rito Adonhiramita como o conhecemos atualmente, pelo menos no que diz respeito aos Graus Simbólicos, surgiu na França, aliás, como a maioria dos demais, incluindo o Rito Escocês Antigo e Aceito. Isto não é de se surpreender, pois apesar da Maçonaria Especulativa ter se originado formalmente nas ilhas britânicas, a Maçonaria local se enveredou pela disputa política entre os Hanover e os Stuarts pela coroa, negligenciando seus aspectos filosóficos, e a França da época oferecia um território neutro e mais favorável à discussão filosófica. As próprias Doutrinas, tanto do Rito Adonhiramita quanto do Rito Escocês Antigo e Aceito foram publicadas em solo norte-americano, território mais neutro ainda.
Este fato é fundamental para o esclarecimento de outra dúvida ligada ao Rito Adonhiramita que diz respeito à autoria da Compilação Preciosa. Na verdade nem Theodore Henry, o Barão de Tschoudy, nem Louis Gillemain de Saint Victor, nem Louis Travenol foram seus criadores. Eles foram seus reformadores, sendo o primeiro, o Barão de Tschoudy, ou “Cavaleiro de Lussy”, o verdadeiro autor dos textos originais que nortearam a publicação da coletânea como veremos adiante.
A tese defendida por autores que apoiam a hipótese da autoria da Compilação Preciosa pertencer a Gillemain de Saint Victor é bastante simplista, e sustenta sua argumentação nos fatos da coleção ter sido publicada após a morte de Tschoudy, e dos comentários da edição abordarem fatos posteriores a ela, o que é por demais óbvio, apesar de não comprovar absolutamente nada. Admitir este fato como prova é a mesma coisa que considerar que caso venhamos a publicar o trabalho de algum Amado Irmão já falecido a obra passará a ser de nossa autoria.
Na versão em circulação no meio Maçônico mais conhecida há também uma menção de que não costumamos dar crédito a pesquisadores brasileiros, o que é outra inverdade e uma enorme injustiça com nossos autores Maçônicos. Mas há que se considerar que levantar tamanha suspeita 200 anos após os fatos é no mínimo estranho. Mesmo sendo o espírito de contestação e investigação desejável e saudável em todo místico e Maçom, questionar os fatos pelo simples fato de duvidar ou levantar polêmica não nos leva a nenhum progresso, isto não é bom, nem útil, nem glorioso. Neste sentido, e mesmo que a dúvida tenha se instaurado a partir da leitura de trechos de obras de autores estrangeiros notáveis como Albert Mackey (1807-1881) na Encyclopaedia of Freemasonry (Enciclopédia da Franco-Maçonaria), célebre pelos seus Landmarks adotados oficialmente pelo Grande Oriente do Brasil; e Allec Mellor (Maçom francês Iniciado em 1969) no Dictionnarie des Franc-Maçons et de la Franc-Maçonnerie (Dicionário dos Francos-Maçons e da Franco-Maçonaria), esta pode ter se ocasionado de um simples erro de interpretação, senão vejamos:
A afirmação do Amado Irmão Mellor é a seguinte: “Em seu livro "Orthodoxie Maçonnique" (Ortodoxia Maçônica), Jean Marie Ragon, atribuiu ao Barão de Tschoudy a criação da Franco-Maçonaria Adonhiramita. É um erro total”. Enquanto Mackey afirma: “A criação do Rito Adonhiramita foi atribuída erroneamente por Ragon ao Barão de Tschoudy, criador da Ordem da Estrela Flamejante”, e completa mais adiante: “Thory e Ragon erraram ambos ao darem-lhe um 13º, a saber: o Noaquita ou o Cavaleiro Prussiano. Praticaram esse erro, porque Saint-Victor inserira este Grau no fim do seu segundo volume, mas somente como uma curiosidade Maçônica, que tinha sido traduzida do alemão, como ele disse, pelo Senhor de Berage”. Ambos estão certos, como vimos anteriormente. Tschoudy de fato não foi o criador do Rito Adonhiramita porque ele já existia antes dele nascer inclusive; e o segundo erro, relativo ao 13° Grau, realmente foi cometido por Guillemain de Saint Victor. Notem bem que nenhum dos dois autores questiona a autoria da Compilação Preciosa, portanto, esta tese é apenas de Maçons brasileiros. Estes Maçons, no entanto, deixaram de se perguntar a razão de Jean Marie Ragon e Claude Thory terem atribuído, ainda que erroneamente, a criação do Rito Adonhiramita ao Barão de Tschoudy já que ele não é sequer citado na Compilação Preciosa. É bem provável que eles soubessem que ele era seu verdadeiro autor.
Quanto à inexistência de provas documentais sobre a autoria da Compilação Preciosa o próprio autor do texto contestador nos fornece a pista quando cita que a principal obra publicada de Tschoudy foi a L' Étoile Flamboyant (A Estrela Flamígera), de 1766. Quem não reconhece os traços da Doutrina Adonhiramita nesta obra é porque não a leu, ou desconhece o Rito Adonhiramita.
Ademais não haveria nenhuma razão para que os Maçons contemporâneos de Saint Victor permitissem tamanha injustiça com uma obra sua cuja autoria fosse atribuída a outro. E além disso que outra razão teria levado os primeiros Grandes Patriarcas de nosso Rito a conceber tal situação, teimosia? Não me parece provável, pois sinceramente a paternidade da Compilação Preciosa em nada obscurece a Doutrina ali contida. Por isso tudo prefiro confiar nos anais de nossa Oficina Chefe.
Para entendermos de forma correta a História e os verdadeiros fatos temos que recuar no tempo até 1717, quando na reunião das Lojas “O Ganso e a Grelha” (The Goose and the Gridion), da Igreja de São Paulo; a “A Coroa” (The Crown), de Parker Lane, próximo a Drury Lane; a “A Macieira” (Apple Tree), de Charles Street, em Couvent Garden, e a “O Copazio e as Uvas” (The Rummer and the Grapes), de Channel Row, Westminster, o Grão-Mestre George Payne criou uma comissão presidida pelo Reverendo James Anderson encarregada de juntar todas as Old Charges, que resultou na publicação em 1723 da Constituição Maçônica mais conhecida como “Constituição de Anderson”.
É necessário atentar que a comissão foi instituída para organizar as “Antigas Ordenações”, ou seja, tratava-se de práticas já existentes. Apesar de ser confundido por alguns como o criador da Maçonaria Especulativa, o pastor James Anderson foi na verdade seu editor, ou quem as publicou, da mesma maneira que fez o ritualista Louis Gilllemain de Saint Victor com a Compilação Preciosa décadas mais tarde.
A intenção da comissão presidida por Anderson, portanto, era adequar os Rituais praticados pela Maçonaria Operativa aos novos fins pretendidos. E esta nova finalidade, e até certo ponto revolucionária, era que daquela data em diante a Ordem não seria mais Operativa, e abrigaria qualquer membro que fosse submetido a uma cerimônia de Iniciação.
Ocorre que as alterações propostas pela comissão não foram aceitas por algumas Lojas autônomas que em 1733 fundaram a Grande Loja do Regime Escocês Aceito, e denominaram a Potência fundada em 1717 de Grande Loja dos Modernos.
Anos mais tarde, em 1758, outra comissão foi formada, desta feita com a intenção de unir as duas Potências e normalizar a ritualística, surgindo a Grande Loja Unida da Inglaterra. Porém, a conclusão desta tarefa só se deu em 1813.
É fácil deduzir a partir destes fatos que Lojas trabalhando com ritualísticas diferentes dessem origem a “escolas”, que reunindo, acrescentando ou substituindo etapas dos Rituais se estabeleciam sob o nome do original que as influenciava. Assim temos o Rito ou Ordem de Heredom (Kilwinning) que surgiu em1758 com a criação do Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, que na mesma intenção de normatizar a ritualística, criou comissões, cujas conclusões originaram o Rito da Perfeição, ou Escocês, com 25 Graus (representando as 5 Energias Solares multiplicadas pelos 5 Pontos da Perfeição), e que mais tarde, em 1801, seria acrescido de outros 8 Graus, resultando no atual Rito Escocês Antigo e Aceito com 33 Graus; O Rito de Namur, com 33 Graus (simbolizando as 33 vértebras da coluna dorsal a serem estimuladas para a ascensão espiritual) que não foi adiante; O Rito Francês ou Moderno com 7 Graus (representando os 7 chakras principais), e o Rito Adonhiramita com 12 Graus (relacionado ao ciclo zodiacal). Observem que todos estes Ritos referiam-se a princípios filosóficos e metafísicos para seus respectivos escopos em seu nascedouro, o que contraria a tese de que a Maçonaria Especulativa em suas origens abordava exclusivamente aspectos morais em sua Doutrina. É claro que existem outros Ritos que dão maior ênfase ao Plano Material e ao progresso moral e prático do ser humano. Esta diversidade corrobora uma vez mais a Beleza de nossa Doutrina que abriga correntes diferentes de pensamento num contexto fraternal. Somos todos Amados Irmãos.
Mais adiante, com as publicações de Saint Victor, e de uma tradução do Rito dos Cavaleiros Noaquitas feita do alemão, o Rito Adonhiramita passa a ter 13 Graus, configuração que prevaleceu até 1973, quando então absorveu os 33 Graus do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Quanto ao Barão de Tschoudy, já que não concordava com as correntes que estabeleciam a denominação de Hiram Abiff para o Arquiteto do Templo de Salomão, vejam bem, a denominação e não a personagem, fundou o Conselho do Imperador do Oriente, presidido por um Maçom chamado Pirlet que o encarregou de redigir os Rituais do Capítulo. Tschoudy ordenou o Capítulo em 15 Graus, criando o Rito do Cavaleiro de Santo André, que era uma síntese filosófica dos demais, e considerado o seu Arcano. Tschoudy então solicita formalmente que seus textos jamais sejam publicados, talvez por receio de repetir-se o ocorrido com Samuel Prichard e sua Dissected Masonry (Maçonaria Dissecada). Após sua morte, em 28 de maio de 1769, o Capítulo deixa de observar seu pedido e publica o Ritual do Cavaleiro de Santo André, juntamente com outros que redigira na comissão, entre eles o Grau de Cavaleiro Kadosch, que só foi aceito na hierarquia Maçônica depois de sua reformulação, transformando-se no Grau 30 do Rito Escocês Antigo e Aceito, enquanto o Grau de Cavaleiro de Santo André se consolidaria como Grau 29.
Essa reforma se expandiu pela Europa e através de Portugal a Maçonaria Adonhiramita chegou ao Brasil de forma regular em 15 de novembro de 1815, com a fundação da Loja Comércio e Artes, que passou a reunir fortes lideranças políticas da época, prestando obediência ao Grande Oriente Lusitano. Em 30 de março de 1818, D. João VI atendendo reivindicação dos Regentes do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, decreta o fechamento de todas as Lojas Maçônicas nos territórios portugueses, em virtude de indícios do seu envolvimento com a Revolução Pernambucana de 1817, e do Grão-Mestre de Portugal, Gomes Freire, na Revolução Portuguesa. Com o retorno da Família Real a Portugal em 1821, a Loja Comércio e Artes se reinstala no Rito Adonhiramita (conforme Balaústre de 2 de julho de 1821), deliberando nesta data seu desdobramento para fundação e Instalação das Lojas Esperança de Nictheroy e União e Tranquilidade, formando desta forma a base para a fundação em 17 de junho de 1822 do Grande Oriente Brasílico. Essas 3 Lojas já reunidas como Potência resolveram incluir na sua Constituição a prática do Rito Moderno de modo a facilitar seu reconhecimento pela Grande Loja da Inglaterra, desvinculando-se assim do Grande Oriente Lusitano, porém, continuaram trabalhando no Rito Adonhiramita até 21 de outubro de 1821, quando por determinação do então Grão-Mestre D. Pedro I foi fechada.
O Grande Oriente do Brasil é reaberto em 23 de novembro de 1831, tendo José Bonifácio como Grão-Mestre, e trabalhando no Rito Moderno. Em 1832 é fundado o Supremo Conselho do Rito Escocês de Montezuma, e o Rito Adonhiramita sofre certo abandono neste período, retomando seu crescimento em 1833 com a fundação da Loja Sabedoria e Beneficência, que abateu Colunas em 1850. Em 1839 foi fundada a Loja Firmeza e União, mesmo ano em que o Grande Oriente do Brasil instituiu o Grande Colégio dos Ritos Azuis incluindo o Rito Adonhiramita. Em 1863 houve uma dissidência no Grande Oriente do Brasil liderada por Joaquim Saldanha Marinho, dando origem ao Grande Oriente do Vale dos Beneditinos, que deu grande importância ao Rito Adonhiramita, ocasião na qual chegou a registrar mais Lojas que o Grande Oriente do Brasil. Em 1869 foi fundada a Loja Aliança, e em 1872 a Loja Redempção, formando assim um triângulo que possibilitou a fundação em 24 de abril de 1873 do Grande Capítulo dos Cavaleiros Noachitas.
Em 1929, o então Grão-Mestre em Exercício no Grande Oriente do Brasil, Mario Bhering, faz prevalecer a orientação do Congresso de Lausane em 1875, que sugeria a separação dos Graus Filosóficos dos Graus Simbólicos e funda a Grande Loja, levando a Patente do Supremo Conselho de Montezuma consigo, e deixando o Supremo Conselho do Brasil na irregularidade. O curioso é que de acordo com o próprio Congresso de Lausane as Lojas Simbólicas criadas pela Grande Loja se tornam irregulares, pois o conceito do Congresso é de não haver interferência entre os Graus Simbólicos e os Filosóficos. Outro detalhe interessante é que o Rito Escocês então praticado na Grande Loja era o Rito Escocês Retificado, reformado pelo Barão de Tschoudy, e que também usa gravatas brancas, com apenas duas relevantes diferenças inseridas na época: o Grande Arquiteto do Templo é Hiram, e o lado esquerdo é o primeiro a ser trabalhado.
Em 1951 o Grande Oriente do Brasil tornou-se Potência Simbólica, governando apenas os 3 primeiros Graus. A Oficina Chefe do Rito Adonhitamita a partir de 1953 passou a denominar-se Muito Poderoso e Sublime Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil. Em 2 de junho de 1973, ano em que se comemorava o centenário da criação do Grande Capítulo Noaquita pelo Grande Oriente do Brasil, ocorreu uma reforma administrativa que o transformou no Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, adotando os 33 Graus praticados pelo Rito Escocês Antigo e Aceito, tendo o Grande Inspetor Aylton de Menezes, membro da ARLS Scripta et Veritas (nosso segundo Venerável Mestre), assumido o título utilizado até nossos dias de Grande Patriarca Regente, que corresponde ao seu primeiro mandatário.
Neste mesmo ano houve outra cisão no Grande Oriente do Brasil, originando os Orientes Independentes. Houve também uma intervenção da Polícia Militar no Palácio Maçônico da Rua do Lavradio, número 97, Oriente do Rio de Janeiro, onde funcionava a sede do Grande Oriente do Brasil. Então o Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita ingressou com ação judicial arguindo sua condição de Pater-Familia do Grande Oriente do Brasil, pleiteando e conquistando a condição de fiel depositário do imóvel, reabrindo assim seu funcionamento sob a tutela dos Amados Irmãos Adonhiramitas que se revezavam no local em vigília de 24 horas pelo período de quase um ano até a decisão final da ação.
No ano de 2010 o Rito Adonhiramita que desde o final do século XVIII deixou de ser praticado na França, e passou a ser trabalhado apenas no Brasil, faz o caminho inverso de retorno à Europa, instalando uma Oficina Chefe em Portugal. Atualmente no Brasil algumas Potências independentes e Grandes Lojas também o praticam.
Em 2013 a Maçonaria Adonhiramita sofre uma cisão. Atualmente, pelo menos até esta data, existem duas instituições reconhecidas pelo Grande Oriente do Brasil através de Tratado ministrando os Graus Filosóficos (4 a 33) de nosso Rito: o Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, ECMA, com sede no Oriente do Rio de Janeiro, e o Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita para o Brasil, ECMAB, com sede no Oriente de Belém, Pará.
Posso não ter convencido os Amados Irmãos com minha argumentação, o que aliás nunca foi minha intenção, pois respeito e prezo a diferença de opiniões, mas deixo registrado o entendimento de um Maçom praticante do Rito acerca de sua própria História.

SERGIO EMILIÃO
M.I.
F R+C


Bibliografia
História do Rito Adonhiramita no Brasil, Domingos Fernandes Dias (ex Grande Patriarca Regente do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita.
 


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