Revista Um Quarto de Hora – Junho de 2016
A Origem e Evolução do Rito Adonhiramita
Muitos Maçons possuem dúvidas a respeito das origens do Rito Adonhiramita, e não apenas os praticantes de outros Ritos, o que deve ser considerado normal, mas muitos Amados Irmãos Adonhiramitas também, o que é igualmente compreensível, já que há uma profusão de ideias e teses a esse respeito, e isso deixa principalmente os Aprendizes um pouco confusos e apreensivos. Vez por outra vejo algumas Peças de Arquitetura publicadas sobre a matéria, e não concordo com a opinião expressa na maioria delas, mesmo porque a quase totalidade dos textos foi produzida por Maçons praticantes de outros Ritos. Não que isto seja algo reprovável ou sem validade, mas normalmente somos mais felizes quando investigamos assuntos com os quais estamos familiarizados, pois somos mais habilitados a perceber equívocos e conclusões baseadas em falsos pressupostos quando tratamos de matérias de nosso domínio. Sem contar também que alguns Amados Irmãos chegam a expressar certa aversão à prática de nosso Rito, o que não apenas é lamentável, mas se constitui num comportamento profundamente antimaçônico. Mas volto a defender aqui a tese de nosso ancestral Irmão Voltaire, símbolo do Livre Pensamento, que afirmava: “Posso não concordar com uma única palavra do que dizeis, mas defenderei com a própria vida o direito que tendes em proferi-las”. Outro ponto a ser considerado é a fonte onde buscamos as informações. A literatura dedicada ao Rito Adonhiramita é bastante escassa, portanto, é de se supor que as fontes mais confiáveis devem ser encontradas nos anais da Oficina Chefe do Rito, ou seja, no Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, denominado de Sublime Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas até 1973. Pelo que pude verificar a maioria dos textos sobre o tema que circulam no meio Maçônico possuem fontes diferentes desta, e assim sendo, vou me aventurar nesta seara com base em nossas próprias raízes. Primeiramente o que temos que ter em mente é que origem e data de formalização são coisas distintas. Da mesma forma que a Maçonaria Especulativa como um todo, as origens do Rito Adonhiramita se perdem no tempo, até porque sua construção é resultado de um processo e não de uma criação premeditada. Assim sendo, não é possível estabelecer sua “paternidade” ou mesmo a “data de seu nascimento”. Segundo Oscar Argollo na obra “O Segredo da Maçonaria” a primeira referência oficial da prática do Rito Adonhiramita se dá ainda no período considerado Operativo, no ano de 1616, constando na época que eram adotados 7 Graus. Este autor cita que em 1248 a Catedral de Colônia, foi construída por Maçons Operativos que utilizavam em sua Loja o Ritual do Egito (Mizraim em hebraico), e que este Catecismo é considerado o Rito Adonhiramita Primitivo. Surpreso? Não devia. A influência da Doutrina das Antigas Tradições Egípcias em nossa sublime Ordem, e particularmente no Rito Adonhiramita, são óbvias demais. Ainda duvida? Observe o Delta Sagrado, o “Olho que Tudo Vê”, a Abóbada de nossos Templos, o Pavimento Mosaico, as duas Colunas Solsticiais e por aí afora. Os Amados Irmãos que como eu também são Fratres Rosacruzes certa e claramente percebem estas influências simplesmente observando a liturgia de nossas Sessões. Com certeza alguns Amados Irmãos estão pensando: “mas nossas bases doutrinárias são o Templo de Salomão, e por conseguinte a Tradição Hebraica”. Estão certos. Mas quem são os hebreus senão cidadãos egípcios seguidores da fé monoteísta implantada por Akhenaton naquelas terras que decidiram sair do Egito e fundar uma nação liderados pelo Moisés bíblico, não é verdade? Mas isto é assunto para outra ocasião, talvez mais adequada aos Graus Filosóficos. Quanto à afirmação do autor não apenas de existirem Rituais Litúrgicos no Período Operativo, mas também de serem praticados no século XIII, devemos levar em conta que os primeiros Rituais da Maçonaria Especulativa não foram inventados no século XVIII, mas sim reformulados como veremos adiante. Portanto, não devemos considerar esta hipótese como absurda, nem duvidar de suas pesquisas. A data considerada como início formal de nosso Rito é o ano de 1744, quando ocorreu a publicação da 1ª edição da obra intitulada Cathecisme de Franc-Maçons (Catecismo dos Franco Maçons) de autoria do abade Luiz Travenol que utilizava o pseudônimo, ou talvez Nome Histórico de Leonardo Gabanon, na qual alude o questionamento do Arquiteto do Templo de Salomão se chamar Adonhiram e não Hiram Abiff. Esta dúvida, aliás, existe praticamente desde a publicação da Constituição de Anderson em 1723, pois nesta época não existia a Lenda do Terceiro Grau. O primeiro ensaio sobre este mito aparece em 1726 como uma Lenda Noaquita (veja aí os Cavaleiros Noaquitas, nossa antiga denominação) relacionada à procura do corpo do Patriarca Bíblico Noé efetuada pelos seus 3 filhos: Sem, Cam e Jafet. Albert Pike, um dos mais renomados autores Maçônicos em sua obra “Moral e Dogma” argumenta que o verbete Abiff é um título (assim como Adon que significa “senhor”), uma corruptela da expressão Abi, ou Aba, que quer dizer “pai” (era assim que Jesus se referia a Deus). Há quem julgue o Rito Adonhiramita como irregular em virtude de ter efetuado alterações na Lenda do 3° Grau, um dos Landmarcks, mas se a posição de Pike não for suficiente para seu convencimento do contrário sugiro a consulta ao List of Lodges, publicado anualmente pela Grande Loja da Inglaterra. Mas julgo ser mais adequado aprofundar esta questão no Grau de Mestre Maçom. Resta comprovado, portanto, que o Rito Adonhiramita era praticado antes de 1781, data da publicação da 1ª edição da Recueil Précieux de La Maçonnerie Adonhiramite (Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita), o que não podia gerar conclusão diferente, pois só pode ser compilado, ou resumido, aquilo que já é existente. O que podemos afirmar com certeza é que o Rito Adonhiramita como o conhecemos atualmente, pelo menos no que diz respeito aos Graus Simbólicos, surgiu na França, aliás, como a maioria dos demais, incluindo o Rito Escocês Antigo e Aceito. Isto não é de se surpreender, pois apesar da Maçonaria Especulativa ter se originado formalmente nas ilhas britânicas, a Maçonaria local se enveredou pela disputa política entre os Hanover
Mistério, Místico e Misticismo
Mistério, místico e misticismo. Estas três palavras, obviamente de significado correspondente, desde o final do século passado têm sido utilizadas com mais frequência, principalmente no meio crescente de pessoas que buscam alguma informação sobre princípios metafísicos e filosóficos, o que é natural, pois entramos na célebre Era de Aquarius, onde a sensibilidade do ser humano e o interesse por assuntos espirituais progressivamente vai aumentando. Eu mesmo tenho utilizado estes verbetes com frequência em meus artigos. Mas será que utilizamos estas palavras corretamente? Será que sabemos seu real significado? O senso comum sobre estes termos é que se referem a tudo aquilo que é considerado sobrenatural, além da compreensão natural, racional e científica, e mágico. Há mesmo quem entenda estas expressões como relacionadas a práticas contrárias a fé religiosa, seja ela qual for. E isto é bastante natural e compreensível pelas razões que veremos adiante. Os dicionários da língua portuguesa definem o verbete mistério da seguinte maneira: “tudo quanto a razão não pode explicar ou compreender; tudo quanto tem causa oculta ou parece inexplicável; coisa oculta, de que ninguém tem conhecimento; reserva, segredo; proposição difícil de compreender; enigma; ato inexplicável”. É isso mesmo, as definições parecem bem razoáveis e claras. Mas não para aqueles que querem ver “além das letras”. Para este grupo de pessoas acometidas pela sede do saber, é necessário descobrir de onde e por que surgiu a expressão? Afinal, isto em si já é um mistério. A expressão originou-se do grego mystérion, mas seu significado vem do antigo Egito, que foi o verdadeiro celeiro da filosofia grega. Helena Petrovna Blavatski, a famosa “Madame Blavatski”, mãe da Teosofia e considerada uma das maiores ocultistas de todos os tempos, explica numa forma um tanto hermética, como aliás não poderia deixar de ser, que havia duas classes de Iniciados no Egito, e que tal distinção foi mantida pelos gregos e romanos: os Epoptae e os Mystos. Notem que a grafia já é grega, e refere-se aos Iniciados nos Mistérios (ou Arcanos) Maiores no primeiro caso, e aos Menores no segundo. Epoptae significa “aquele que vê as coisas tais quais são”, e Mystos “aquele que vê as coisas tal como parecem ser”. Madame Blavatski afirma também que em determinada época os primeiros, ou seja, aqueles que realmente compreendem o verdadeiro sentido do Universo, que são os Grandes Iluminados da História, ou os Avatares, tornaram-se reclusos e formaram da Grande Fraternidade Branca, que alguns autores julgam estar localizada em algum lugar do Tibet inacessível aos simples mortais; e os Mystos permaneceram “preparando” a humanidade para compreensão da Verdade, dando origem mais tarde aos Maçons, Rosacruzes, e toda classe de “Iniciados Modernos”. Não vou me deter na análise dos Epoptae, mesmo porque, independentemente da hipótese por muitos considerada fantasiosa da existência de uma “morada de Iluminados” denominada Grande Fraternidade Branca, a Iluminação dos Epoptae é alcançada por poucos, e o cerne de nossa análise é a expressão “mistério”. O fato é que os Mystos continuaram trabalhando junto aos seres humanos comuns, e formando novos Iniciados. São famosos os Mistérios de Ísis e Osíris, os Mistérios Persas (de onde surgiu a expressão “mago”); os Mistérios Órficos; os Mistérios de Elêusis, e os Mistérios de Mitra. A globalização cultural promovida pelas conquistas do Império Romano tornou a expansão das Escolas Iniciáticas apenas uma questão de tempo, e após a conversão de Roma à fé Cristã, o próprio Cristianismo absorveu o conceito na formação de seus sacerdotes. A Doutrina Cristã exorta até nossos dias o “Mistério da Fé”. Portanto, Mistério nada mais é que todo conhecimento velado, esotérico, podendo ser metafísico, filosófico ou material, ensinado apenas a Iniciados, ou seja, fora do alcance de pessoas pouco comprometidas com os aspectos espirituais do Universo e a humanidade em si; místico é todo aquele que Iniciado ou não busca a Verdade e uma melhor compreensão da Grande Obra de Deus, e misticismo é exatamente esta prática sagrada, dedicada e nobre, material e espiritual, humana e divina, ascensional e progressista. Resta claro também que os mistérios tratados aqui não são os mesmos dos livros de Agatha Christie, que aliás são muito bons, não é mesmo? SERGIO EMILIÃO M.I. F R+C {backbutton}
Revista Um Quarto de Hora – Maio de 2016
Sexta-Feira Treze e as Supertições
Tenho certeza que caso nos fosse perguntado todos e cada um de nós seriamos capazes de mencionar mais de um tipo de superstição, e isto se dá porque indubitavelmente elas são inúmeras. Mas, afinal, o que é superstição? O vocábulo superstição vem do latim superstitio onis, e significa “crença contrária à fé e à própria razão”. A palavra superstição deriva de supersies, também latim, que quer dizer “sobrevivente”, ou “o que está sobre algo”. Podemos constatar a propriedade dessa análise pelo fato de algumas superstições sobreviverem a séculos mesmo após a perda de sua origem cultural, como veremos adiante. Inicialmente o vocábulo significava também vidente, ou profeta, pois o termo era empregado como referência a tentativa do ser humano de explicar algo fora dos domínios da razão, buscando numa instância sobrenatural o sentido e o significado de fatos aparentemente inexplicáveis. Atualmente o conceito de superstição é considerado como o resultado de processos derivados do preconceito em relação a certas práticas, quando estas não se coadunam com as opiniões ou os princípios religiosos de determinada pessoa. Em outras palavras: o indivíduo muitas vezes acometido por fanatismo em relação à sua religião, designa como supersticiosas as atividades ou preceitos de outra doutrina, por não se ajustarem a seus preceitos religiosos pessoais. Não obstante, a superstição não é um conceito cujo significado possa depender da avaliação particular de cada indivíduo. Ela é o resultado de complexos mentais antiquíssimos, que atribuem um caráter religioso e sagrado a determinados fatos ou circunstâncias, desprovidos de conexão com qualquer tipo de prática religiosa ou filosófica presentes numa dada cultura. São crenças infundadas, baseadas em fatos isolados e fortuitos. Além disso, a superstição é na maioria das vezes resquício de antigas práticas realizadas em cultos atualmente inexistentes. Um exemplo disso é o atual costume de bater na madeira para “cortar” alguma negatividade. A origem desse gesto reside nas religiões pagãs que acreditavam que as árvores eram habitadas por divindades, e que ao batermos nelas estaríamos chamando pelo espírito desses deuses. Como hoje em dia não vivemos mais em bosques, mas sim em cidades, substituiu-se as árvores pelo seu produto: a madeira, e assim bate-se em portas, móveis, etc. A superstição leva à prática de gestos, rituais e atitudes contrárias à razão, e cujo fundamento reside nos sentimentos de temor e medo. Ainda de acordo com a etimologia da palavra, uma religião ou prática religiosa, por mais estranha que pareça, não pode ser chamada de superstição desde que seja aceita e praticada pela comunidade, ou, pelo menos, por parte dela. Ela passa a ser, em suma, a aceitação de preceitos e crenças religiosas estranhas e inadequadas aos costumes e sistemas de uma dada sociedade. Em nossa sociedade existem diversos costumes aceitos e praticados frequentemente, sem sofrer qualquer tipo de contestação, mas que, em última instância nada mais são do que o resultado de superstições. Este é o caso, por exemplo, do uso do trevo de quatro folhas como símbolo de sorte. Além disso, existem outras práticas que foram assimiladas por nossa cultura e tratadas com tanta naturalidade que ocultam sua verdadeira natureza supersticiosa. Como exemplo disso há o Carnaval, que é uma reminiscência de ritos pagãos; o hábito de dar a mão como forma de saudação, e a decoração de pinheiros na época do Natal. Segundo o filósofo e místico Baruch Spinoza, dois são os atributos de um indivíduo supersticioso: a inconstância e a credulidade. Spinoza descreve estes dois atributos com o mesmo vocabulário médico que os romanos desde Cícero utilizaram para descrever as paixões do ânimo. Como inconstância, a superstição é equivalente à insanidade (insannia), ou seja, é uma disposição passional do ânimo que bloqueia seu potencial de pensar, sua sã razão. Mens sana in corpore sano, já diziam os estoicos. A insanidade é uma doença que bloqueia a mente sadia. Como credulidade, a superstição é equivalente ao delírio, uma disposição passiva que nada mais é do que a confusão entre a imaginação e a razão, entre ideias adequadas e inadequadas. O crédulo acredita no que lhe aparece, e não distingue o sonho da vigília. Spinoza afirma ainda que a causa da superstição é o medo, mas, devemos observar que nem todo medo é causa de superstição. Em resumo, podemos dizer que Spinoza, em sua obra, faz uma severa crítica aos desejos imoderados que tornam os homens escravos de suas próprias paixões. A ideia de que a mente humana no seu esforço para compreender a realidade é capaz de operar a níveis diferentes é tão antiga quanto a própria filosofia. Há vinte e quatro séculos Platão definiu uma diferença entre o que chamou de “opinião” e “conhecimento”. Platão defendia que “opinião” é uma espécie de consciência incerta, confinada ao particular, inexata e sujeita à mudança, ao passo que o conhecimento é certo, universal, exato e verdadeiro. Cada ser humano começa por operar na vida ao nível da opinião, e só com grande esforço pode escapar-lhe e elevar-se ao nível do conhecimento. Chamou a esse esforço de “educação”, e afirmava que era o meio para abrirmos os olhos da mente para realidades que do ponto de vista da opinião não podem sequer ser imaginadas. Entendo que a distinção que se faz atualmente entre Ciência e superstição é a versão moderna da teoria de Platão. Todos reconhecem que a Ciência revelou verdades extraordinárias. Levou o homem à Lua, erradicou doenças mortais e conduziu-nos à era dos computadores. Quase todos reconhecem também que as superstições são tolices. A superstição leva as pessoas a evitarem passar por baixo de escadas, quebrar espelhos e derramar sal sobre a mesa. Porém, ainda não chegamos a um acordo sobre o que é Ciência, ou conhecimento, e o que é superstição. O que é Ciência para uns pode ser superstição para outros. Por exemplo: será que os símbolos Maçônicos são superstições? Com certeza todos Maçons dirão categoricamente que não, porém, será esta a mesma opinião daqueles que não são? O que será que eles pensam sobre o Compasso, o Esquadro, e o “Olho Que Tudo
Esotérico e Esoterismo
O adjetivo esotérico e o substantivo esoterismo ganharam no século passado a conotação de tratar-se de tudo aquilo que é ligado ao espiritual, ao metafísico, ao ocultismo, à magia, ao sobrenatural e por aí afora. Com isso é comum entre nós utilizarmos estas expressões para nos referirmos a terapias alternativas, matérias ligadas a filosofia e religião, e até mesmo a superstição. Porém isso é um erro. O termo esotérico, e consequentemente sua prática ou atributo, o esoterismo, não possuía originalmente este significado atual por vezes fantasioso. A maioria dos autores defende que a origem da expressão se deve ao filósofo grego Pitágoras de Samos e da Escola Iniciática por ele fundada na Grécia que recebeu o seu nome. Jâmblico (240-330 a.C.) assim se referia aos discípulos de Pitágoras: “Estes, se tivessem sido julgados dignos de participar nos ensinamentos graças ao seu modo de vida e à sua civilidade, após um silêncio de cinco anos, tornavam-se daí em diante esotéricos, eram ouvintes de Pitágoras, usavam vestes de linho e tinham direito a vê-lo”. Particularmente entendo que o conceito é bem anterior a Escola Pitagórica, e que foi importado do Egito. Mas, de toda forma, não há dúvida de que o verbete utilizado por nós ocidentais originou-se do idioma grego. Além do mais, os princípios e regras Iniciáticas adotadas por Pitágoras em sua escola eram exatamente os mesmos utilizados pelas Escolas Iniciáticas do Egito. Por esta razão creio que a análise possa prosseguir a partir da Grécia. Pitágoras ministrava ensinamentos mais complexos a um grupo seleto de Iniciados que se reuniam num local reservado, discreto e protegido de curiosos, formando uma espécie de círculo fechado, que originou o verbete esotérico, do grego eisô ou êso, (do lado de dentro, internamente, como em esôfago, por exemplo), acrescido do sufixo teros que é um comparativo que dá a ideia do significado do prefixo. Assim, aqueles que tinham permissão para participar de seu círculo íntimo de discípulos, que recebia ensinamentos mais elaborados e de compreensão mais difícil para os cidadãos comuns eram chamados de esôterikos. Em contrapartida, havia também os seguidores que não tinham condições de receber informações de nível mais elevado, e o povo em geral. Estes recebiam ensinamentos mais simples, de forma aberta e publicamente, dando origem a palavra eksôteriko, derivada do prefixo eksô (do lado de fora, externo) e do mesmo sufixo de seu antônimo, citado no parágrafo anterior. Vimos isso se repetir mais tarde com Jesus e seu círculo fechado de Apóstolos ao qual segundo os Evangelhos eram ministrados ensinamentos velados, mais complexos, enquanto o povo era ensinado por meio de parábolas. O que deve ser observado é que apesar de possuir princípios elevados e filosóficos em sua doutrina, a Escola Pitagórica tratava também em seu meio mais íntimo de estudos avançados da Ciência, como Matemática e Geometria, por exemplo. Isto quer dizer que o adjetivo esotérico originalmente era aplicado a todo ensinamento reservado, Iniciático, cuja absorção dependia de certas circunstâncias especiais e das características de quem os recebia. Logo, o termo contrário, exotérico, era utilizado para designar tudo aquilo classificado como de domínio público, que podia ser transmitido abertamente e sem restrições. Não devemos, portanto, confundir esotérico com espiritual ou místico. Aliás, o adjetivo místico, e o substantivo misticismo são as expressões que na minha opinião melhor definem o conceito de esotérico e esoterismo que é utilizado comumente, mas isso é assunto pra outra ocasião. Enfim, resumidamente falando, esotérico é particular (por qualquer razão), e exotérico é público. Simples assim, pelo menos na minha opinião. SERGIO EMILIÃO M.I. FR+C
Sagrado e Profano
Se você é Maçom com certeza já ouviu essa expressão. Se não é provavelmente já ouviu também. Mas a pergunta que faço é a seguinte: será que você sabe exatamente o que esse vocábulo quer dizer? Será que realmente há algo de pejorativo e insultante em chamar alguém de profano? Vou tentar esclarecer. A expressão “profano” é um adjetivo formado pela aglutinação do prefixo latino pro (antes, anterior, do lado de fora, externo, etc.), e fanum (templo), formando o vocábulo original profanum, que significa literalmente “aquele que está do lado de fora do templo”. Como a expressão é latina nossa ideia imediata é que seu uso tenha se originado no Império Romano, o que é verdade, porém o conceito é bem anterior, e remonta às antigas Tradições Iniciáticas já existentes na Suméria, Egito e Grécia. As antigas Tradições Iniciáticas destas civilizações não permitiam o acesso de qualquer pessoa a seus ensinamentos. Para ingressar numa destas Escolas de Mistérios os candidatos tinham que se submeter a uma rigorosa seleção que ia desde a análise do caráter e antecedentes do candidato, até a comprovação de sua coragem e determinação. Após essa fase probatória os candidatos admitidos se tornavam Iniciados, e a partir daí adquiriam o direito de participar das reuniões e receber os seus ensinamentos. Estas reuniões, onde ensinamentos místicos e esotéricos eram ministrados aos participantes, eram realizadas num local considerado sagrado que se denominava templo, obviamente resguardadas as diferenças entre cada idioma. Ao ingressar nestas Ordens Iniciáticas os membros prestavam juramento de não revelar a estranhos nada do que se passava no interior dos templos. Desta forma os Iniciados, que obtinham permissão de acesso mediante senhas e códigos só conhecidos dos membros, podiam ingressar no templo, e os que não eram Iniciados ficavam do lado de fora. Assim, fica claro que os que não podiam entrar nos templos Iniciáticos não o faziam porque eram leigos, estranhos àquela sociedade, e não porque não queriam ou< por aversão a tais Escolas, muito embora também houvesse casos assim, é claro. Tanto esta prática quanto este conceito chegaram a Roma, e por consequência, após sua conversão à fé Cristã, à Igreja. Foi aí que surgiu o conceito de sagrado, sacro, ou Iniciático para tudo aquilo que era velado e só transmitido a um seleto grupo de pessoas: os que tinham permissão de ingressar nos templos; e profano: para os leigos não Iniciados que ficavam do lado de fora. Mais tarde a Idade Média deturpou o conceito original do termo profano e lhe atribuiu o significado de tudo aquilo que transgredia regras sagradas ou não respeitava a doutrina religiosa. Profano, impuro, ateu e herege tinham praticamente o mesmo sentido nesta época. Profano passou a ser antônimo de fiel. Foi também neste período negro da História que surgiu o verbo profanar, aplicado a ladrões que violavam túmulos e roubavam igrejas. Esta expressão ganhou ainda um simbolismo mais pernicioso no século XX como consequência das descobertas de túmulos de faraós egípcios, expandindo-se ao cinema e tornando-se mais popular com os famosos filmes sobre múmias ressuscitadas que vingavam a profanação de seus mausoléus. Na verdade, se considerarmos que o verbo se originou da prática de permanecer do lado de fora dos templos, ou seja, de ser um leigo ou um não Iniciado, o significado correto do verbete profanação deve ser entendido como tornar público algo que é velado e de conhecimento restrito, nada mais. Ser profano não é cometer um crime, nem tampouco algum pecado. Ser profano é apenas e somente ser leigo em relação a um determinado assunto de domínio limitado a determinada classe, da mesma forma que existe o civil e o militar, o público e o privado, o sacerdote e o fiel. O conceito de profano na verdade representa condições opostas: o comum e o sagrado, o leigo e o Iniciado, o material e o espiritual. Portanto, se daqui pra frente você ouvir alguém se referir a você como um profano não se ofenda. Não há nada de pejorativo nisso. Mas se isso realmente o incomodar, é porque na verdade a condição de não Iniciado o aflige, não o termo. Talvez esteja na hora de você se tornar um Iniciado. Já pensou nisso?
Sagrado e Profano
Se você é Maçom com certeza já ouviu essa expressão. Se não é provavelmente já ouviu também. Mas a pergunta que faço é a seguinte: será que você sabe exatamente o que esse vocábulo quer dizer? Será que realmente há algo de pejorativo e insultante em chamar alguém de profano? Vou tentar esclarecer. A expressão “profano” é um adjetivo formado pela aglutinação do prefixo latino pro (antes, anterior, do lado de fora, externo, etc.), e fanum (templo), formando o vocábulo original profanum, que significa literalmente “aquele que está do lado de fora do templo”. Como a expressão é latina nossa ideia imediata é que seu uso tenha se originado no Império Romano, o que é verdade, porém o conceito é bem anterior, e remonta às antigas Tradições Iniciáticas já existentes na Suméria, Egito e Grécia. As antigas Tradições Iniciáticas destas civilizações não permitiam o acesso de qualquer pessoa a seus ensinamentos. Para ingressar numa destas Escolas de Mistérios os candidatos tinham que se submeter a uma rigorosa seleção que ia desde a análise do caráter e antecedentes do candidato, até a comprovação de sua coragem e determinação. Após essa fase probatória os candidatos admitidos se tornavam Iniciados, e a partir daí adquiriam o direito de participar das reuniões e receber os seus ensinamentos. Estas reuniões, onde ensinamentos místicos e esotéricos eram ministrados aos participantes, eram realizadas num local considerado sagrado que se denominava templo, obviamente resguardadas as diferenças entre cada idioma. Ao ingressar nestas Ordens Iniciáticas os membros prestavam juramento de não revelar a estranhos nada do que se passava no interior dos templos. Desta forma os Iniciados, que obtinham permissão de acesso mediante senhas e códigos só conhecidos dos membros, podiam ingressar no templo, e os que não eram Iniciados ficavam do lado de fora. Assim, fica claro que os que não podiam entrar nos templos Iniciáticos não o faziam porque eram leigos, estranhos àquela sociedade, e não porque não queriam ou< por aversão a tais Escolas, muito embora também houvesse casos assim, é claro. Tanto esta prática quanto este conceito chegaram a Roma, e por consequência, após sua conversão à fé Cristã, à Igreja. Foi aí que surgiu o conceito de sagrado, sacro, ou Iniciático para tudo aquilo que era velado e só transmitido a um seleto grupo de pessoas: os que tinham permissão de ingressar nos templos; e profano: para os leigos não Iniciados que ficavam do lado de fora. Mais tarde a Idade Média deturpou o conceito original do termo profano e lhe atribuiu o significado de tudo aquilo que transgredia regras sagradas ou não respeitava a doutrina religiosa. Profano, impuro, ateu e herege tinham praticamente o mesmo sentido nesta época. Profano passou a ser antônimo de fiel. Foi também neste período negro da História que surgiu o verbo profanar, aplicado a ladrões que violavam túmulos e roubavam igrejas. Esta expressão ganhou ainda um simbolismo mais pernicioso no século XX como consequência das descobertas de túmulos de faraós egípcios, expandindo-se ao cinema e tornando-se mais popular com os famosos filmes sobre múmias ressuscitadas que vingavam a profanação de seus mausoléus. Na verdade, se considerarmos que o verbo se originou da prática de permanecer do lado de fora dos templos, ou seja, de ser um leigo ou um não Iniciado, o significado correto do verbete profanação deve ser entendido como tornar público algo que é velado e de conhecimento restrito, nada mais. Ser profano não é cometer um crime, nem tampouco algum pecado. Ser profano é apenas e somente ser leigo em relação a um determinado assunto de domínio limitado a determinada classe, da mesma forma que existe o civil e o militar, o público e o privado, o sacerdote e o fiel. O conceito de profano na verdade representa condições opostas: o comum e o sagrado, o leigo e o Iniciado, o material e o espiritual. Portanto, se daqui pra frente você ouvir alguém se referir a você como um profano não se ofenda. Não há nada de pejorativo nisso. Mas se isso realmente o incomodar, é porque na verdade a condição de não Iniciado o aflige, não o termo. Talvez esteja na hora de você se tornar um Iniciado. Já pensou nisso? SERGIO EMILIÃO M.I. FR+C
Sagrado e Profano
Se você é Maçom com certeza já ouviu essa expressão. Se não é provavelmente já ouviu também. Mas a pergunta que faço é a seguinte: será que você sabe exatamente o que esse vocábulo quer dizer? Será que realmente há algo de pejorativo e insultante em chamar alguém de profano? Vou tentar esclarecer. A expressão “profano” é um adjetivo formado pela aglutinação do prefixo latino pro (antes, anterior, do lado de fora, externo, etc.), e fanum (templo), formando o vocábulo original profanum, que significa literalmente “aquele que está do lado de fora do templo”. Como a expressão é latina nossa ideia imediata é que seu uso tenha se originado no Império Romano, o que é verdade, porém o conceito é bem anterior, e remonta às antigas Tradições Iniciáticas já existentes na Suméria, Egito e Grécia. As antigas Tradições Iniciáticas destas civilizações não permitiam o acesso de qualquer pessoa a seus ensinamentos. Para ingressar numa destas Escolas de Mistérios os candidatos tinham que se submeter a uma rigorosa seleção que ia desde a análise do caráter e antecedentes do candidato, até a comprovação de sua coragem e determinação. Após essa fase probatória os candidatos admitidos se tornavam Iniciados, e a partir daí adquiriam o direito de participar das reuniões e receber os seus ensinamentos. Estas reuniões, onde ensinamentos místicos e esotéricos eram ministrados aos participantes, eram realizadas num local considerado sagrado que se denominava templo, obviamente resguardadas as diferenças entre cada idioma. Ao ingressar nestas Ordens Iniciáticas os membros prestavam juramento de não revelar a estranhos nada do que se passava no interior dos templos. Desta forma os Iniciados, que obtinham permissão de acesso mediante senhas e códigos só conhecidos dos membros, podiam ingressar no templo, e os que não eram Iniciados ficavam do lado de fora. Assim, fica claro que os que não podiam entrar nos templos Iniciáticos não o faziam porque eram leigos, estranhos àquela sociedade, e não porque não queriam ou< por aversão a tais Escolas, muito embora também houvesse casos assim, é claro. Tanto esta prática quanto este conceito chegaram a Roma, e por consequência, após sua conversão à fé Cristã, à Igreja. Foi aí que surgiu o conceito de sagrado, sacro, ou Iniciático para tudo aquilo que era velado e só transmitido a um seleto grupo de pessoas: os que tinham permissão de ingressar nos templos; e profano: para os leigos não Iniciados que ficavam do lado de fora. Mais tarde a Idade Média deturpou o conceito original do termo profano e lhe atribuiu o significado de tudo aquilo que transgredia regras sagradas ou não respeitava a doutrina religiosa. Profano, impuro, ateu e herege tinham praticamente o mesmo sentido nesta época. Profano passou a ser antônimo de fiel. Foi também neste período negro da História que surgiu o verbo profanar, aplicado a ladrões que violavam túmulos e roubavam igrejas. Esta expressão ganhou ainda um simbolismo mais pernicioso no século XX como consequência das descobertas de túmulos de faraós egípcios, expandindo-se ao cinema e tornando-se mais popular com os famosos filmes sobre múmias ressuscitadas que vingavam a profanação de seus mausoléus. Na verdade, se considerarmos que o verbo se originou da prática de permanecer do lado de fora dos templos, ou seja, de ser um leigo ou um não Iniciado, o significado correto do verbete profanação deve ser entendido como tornar público algo que é velado e de conhecimento restrito, nada mais. Ser profano não é cometer um crime, nem tampouco algum pecado. Ser profano é apenas e somente ser leigo em relação a um determinado assunto de domínio limitado a determinada classe, da mesma forma que existe o civil e o militar, o público e o privado, o sacerdote e o fiel. O conceito de profano na verdade representa condições opostas: o comum e o sagrado, o leigo e o Iniciado, o material e o espiritual. Portanto, se daqui pra frente você ouvir alguém se referir a você como um profano não se ofenda. Não há nada de pejorativo nisso. Mas se isso realmente o incomodar, é porque na verdade a condição de não Iniciado o aflige, não o termo. Talvez esteja na hora de você se tornar um Iniciado. Já pensou nisso? SERGIO EMILIÃO M.I. FR+C {backbutton}
Conta Bancária 2016
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