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Deus e a Ciência

Permanentemente nos vemos envolvidos com a dicotomia entre Deus e a ciência. É senso comum que a ciência questiona a todo custo sua existência, inclusive com a pretensão de comprovar racionalmente, ou através da lógica, que Ele não existe. O que nos leva erroneamente a presumir que todos os homens de ciências são obrigatoriamente materialistas e ateus.
Suspeitamos que estas convicções tenham se originado durante a Idade Média, e prosperado com o evento da Santa Inquisição. Todos nós lembramos ao menos de Galileu Galilei renegando sua teoria heliocêntrica para fugir da fogueira. Quantos mais refutaram, ou ocultaram suas pesquisas e descobertas movidos pelo instinto de sobrevivência e pelo medo de serem rotulados como bruxos ou hereges? Mas nem sempre foi assim.

Os filósofos e sábios da antiguidade, os sacerdotes egípcios, os druidas, assim como os alquimistas medievais, sequer cogitavam a possibilidade da inexistência de Deus, e isto não os afastou de suas pesquisas e descobertas, e principalmente do desejo de conhecer e entender o Universo e os princípios Cósmicos da Criação.

Todos nós já ouvimos falar que Isaac Newton e Benjamin Franklin, dentre outros físicos ilustres do passado, pertenciam a “sociedades secretas”, e se examinarmos com atenção a filosofia existente por trás destas “sociedades secretas”, veremos que todas apregoavam a existência de Deus. Sem duvida há algo errado.

Parece-nos que num determinado período da história, a Igreja, certamente levada pelo medo de perder sua hegemonia e influência político-social, e temendo a derrubada de seus dogmas, determinou a separação dos “assuntos do homem” dos “assuntos de Deus”, e assim todos aqueles que buscavam estudar e compreender a Criação por intermédio de enunciados científicos tornavam-se proscritos.

Não é de admirar que estas pessoas desenvolvessem antipatia pela Igreja e as religiões, e sem dúvida tais sentimentos contaminaram gerações de seus descendentes resultando, num curto espaço de tempo, numa legião de cientistas obcecados pela idéia de provar que Deus não existe. Será que apenas para provocar a Igreja e o clero? Nós mesmos, não conhecemos nenhuma pessoa que seja integralmente materialista. Todos que afirmam não acreditar em Deus anseiam intimamente que Ele exista.

O que os antigos sabiam, os verdadeiros místicos sabem, e o homem comum parece ter se esquecido, é que qualquer manifestação em nosso plano de existência tem caráter dual, ou seja: um lado material e outro espiritual. O Universo é regido por leis harmônicas, complementares e equilibradas, como sintetizado no símbolo Taoísta do “Yin e Yang”. Os físicos e cientistas descobriram que o Universo se comporta como um mecanismo de relógio de alta precisão, mas será que este mecanismo poderia ter “nascido” do nada? Acreditar que o acaso foi o arquiteto deste mecanismo não nos parece lógico, afinal, como pode a ordem se originar do caos?

Com o advento da física quântica, novas possibilidades se descortinaram para o mundo científico, e ao que parece, a ciência retoma sua jornada de união com Deus. Atualmente, renomados cientistas e estudiosos da mecânica quântica reconhecem a existência do “fator Deus”, ou seja, em determinado momento de suas experiências de laboratório, uma “energia” desconhecida e aparentemente “inteligente” interfere e dirige os fenômenos pesquisados provocando resultados não somente inesperados, mas totalmente contrários ao que a física convencional entende como possível. Os místicos sabem disso há milênios, e reconhecem essa “energia criadora” como Deus.

Não há como explicar Deus sob o ponto de vista científico, porém também não é lógico negar a existência de um Ser Superior, seja lá qual for o nome que se lhe atribua. Isto ocorre porque a mente humana, em sua existência material é limitada. Esta situação encontra-se simbolicamente ilustrada no Livro do Gênesis, da Tradição Judaico-Cristã. Diz o Gênesis que no Jardim do Éden havia duas árvores: a do conhecimento do bem e do mal e a da vida, sendo que o Homem só provou do fruto da primeira, ou seja, o homem nunca viverá materialmente o suficiente pare entender o que é Deus.

Já tivemos oportunidade de falar aqui sobre a percepção de Deus, e se você não leu sugiro dar uma olhada em nosso texto, sem compromisso. A percepção de Deus é uma experiência mística e subjetiva, somente alcançada pela introspecção e busca interior de si mesmo. A ciência dos homens será sempre incapaz de comprová-lo, mas cada pétala de rosa aberta em nosso interior há de nos mostrar Sua existência.

Sérgio Antonio Machado Emilião
Mestre Maçom
Frater R+C

 

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