De todos os sentimentos que acometem o ser humano, talvez o medo seja o único comum a todos. O medo sempre esteve e estará presente em nossas vidas, desde a mais tenra idade, até nossa maturidade e velhice. Temos medo do perigo; do escuro; da solidão; da morte e do desconhecido…
O medo do perigo despertou o instinto de sobrevivência, e fez o homem se adaptar ao meio ambiente e preservar sua espécie. O medo dos fenômenos naturais fez o homem estudar e desenvolver as ciências e o seu conhecimento sobre o mundo exterior. O medo da solidão o fez desenvolver os meios de comunicação, e possibilitou sua organização em sociedade. O medo da morte inspirou a medicina, a cura das doenças, e a busca pela longevidade. E o medo do desconhecido o fez procurar a Deus.
Por tudo isso podemos afirmar, sem “medo” de errar, que o medo é instintivo, primal e necessário.
E do quê é feito o medo? O medo é feito da ignorância do próprio Eu. O medo pode se manifestar de infinitas maneiras, mas sua origem será sempre uma só: o desconhecimento sobre nós mesmos.
O homem ainda não se apercebeu de que o medo pode ser seu “maior inimigo”, ou o seu “fiel aliado”. Os grandes feitos da humanidade e a própria evolução da civilização passaram, em algum momento, pela barreira do medo. Em contrapartida, todas as guerras, injustiças e episódios funestos da história trilharam o mesmo caminho.
O homem corajoso não está isento do medo. Ele apenas o domina. E não devemos confundir o corajoso com o destemido, pois o primeiro conhece e tira vantagens de suas limitações; enquanto o segundo ignora o medo, e neste raciocínio torna-se incapaz de distinguir entre o bem e o mal. O medo não deve nunca ser ignorado ou menosprezado, sentir medo não significa ser fraco.
Todo místico sabe que explorar o medo é uma das portas, senão a principal, para atingirmos o autoconhecimento. O autoconhecimento e o autodomínio são as únicas condições que tornam o homem pleno e invencível.
Por isso é tão importante conhecer e explorar todos e cada um de nossos medos. É necessário entender que além do medo ser uma parte integrante de nosso ser, é também a mola que nos impulsionará em direção à nossa evolução material e espiritual. O “segredo” para isso é muito simples: interiorizar-se, através da concentração e meditação, sempre e o mais profundo que conseguirmos, e seguir ao pé da letra a advertência do oráculo de Delfos – Conhece-te a ti mesmo – e aí encontraremos a serenidade necessária para enfrentar qualquer problema.
Quanto mais nos conhecermos, mais conheceremos o Universo. Esta equação é infalível e imutável.
O medo compreendido, aceito e dominado torna-se liberdade. O medo negado, rejeitado e ignorado transforma-se em culpa. A escolha é apenas sua.
Sergio Antonio Machado Emilião
Mestre Maçom
F R+C
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