A ORIGEM DO RITO ADONHIRAMITA
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Faz-se necessário a derradeira elucidação da Origem do Rito. Muito se tem falado, escrito e divulgado sobre a origem do Rito. Há algumas versões, que chegam a ser até cômicas. A grande maioria das versões são especulações e o que é pior, sem provas documentais. Infelizmente, essas especulações só vem denegrir o nosso belo Rito. A questão de provas documentais é muito importante exatamente porque a História não admite o eu acho, ou ouvi dizer ou me disseram. ( Raimundo Rodrigues – “A Filosofia da Maçonaria Simbólica” ). Vários estudiosos, pesquisadores maçons Brasileiros, de renomeada credibilidade, tais como: José Castellani, Nicola Aslan, Xico Trolha, J.Daniel e outros, já demonstraram a verdadeira história da Origem do Rito. Contudo são brasileiros,. . . e brasileiros , não são muito prestigiados por alguns em nosso País. Dessa forma, partindo da premissa, que “um sábio não precisa de muitas explicações para entender”, acrescentarei dados documentados, de conceituados estudiosos e pesquisadores alienígenas, de assuntos da Maçonaria Universal, ao texto do Irmão Nunes, prova definitiva e cabal, que o criador do Rito Adonhiramita, foi Louis Guillerman de Saint – Victor
Alec MELLOR – autor do “Dictionnarie des Franc-Maçons et de la Franc-Maçonnerie”
” As Escrituras falam de Adonhiram somente como encarregado das coréias quando da construção do Templo pelo Rei Salomão, entretanto, em 1744, Louis Travenol publicou sob o nome de Léonard Gabanon o seu “Catéchisme de Francs Maçons ou le Secret des Francs Maçons”, onde confundia Adonhiram com Hiram Abif. Como “Adon “, em hebraico significa “Senhor”, essa palavra apareceu como prefixo de honra. Os ritualistas dividiram-se . Para uns, Adonhiram e Hiram eram a mesmo personagem Outros sustentavam a teoria dualista, mas divergiam quanto aos papéis respectivos de Adonhiram e Hiram na construção do Templo, uns sustentando que Adonhiram não fora senão um subalterno enquanto outros nele viam o verdadeiro herói da lenda do 3º Grau. Foi assim que nasceu uma Franco – Maçonaria denominada Adonhiramita, oposta, pelos seus teóricos, à dos “hiramitas”. Ela nos é conhecida pelo “Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite”, publicada em 1781, por Louis Guillemain de Saint – Victor, e abrange os quatro primeiros graus.
Em seu livro ” Orthodoxie Maçonnique “, Jean Marie Ragon, atribuiu ao Barão de Tschoudy a criação da Franco – Maçonaria Adonhiramita. É um erro total.
Albert G. MACKEY – autor da ” Encyclopaedia of Freemasonry “
A criação do Rito Adonhiramita, foi atribuída erroneamente por Ragon ao Barão de Tschoudy, criador da Ordem da Estrela Flamejante. A coletânea relativa aos Altos Graus do Rito, foi completada em 1785, cuja hierarquia se apresenta com se segue: 1º Aprendiz; 2º Companheiro; 3º Mestre; 4º Mestre Perfeito; 5º Primeiro Eleito ou Eleito dos Nove; 6º Segundo Eleito ou Eleito de Perignan; 7º Terceiro Eleito ou Eleito dos Quinze; 8º Pequeno Arquiteto ou Aprendiz Escocês; 9º Grande Arquiteto ou Companheiro Escocês; 10º Mestre Escocês; 11º Cavaleiro da Espada, Cavaleiro do Oriente ou da Águia; 12º Cavaleiro Rosa Cruz .
” Esta é a lista completa dos Graus Adonhiramita. Thory e Ragon erraram ambos ao darem-lhe um 13º, a saber: o Noaquita ou o Cavaleiro Prussiano. Praticaram esse erro, porque Saint – Victor inserira este Grau no fim do seu segundo volume, mas somente como uma curiosidade maçônica, que tinha sido traduzida do alemão, com ele disse, pelo Senhor de Berage” ( Ragon errou duas vezes – grifo meu ) “Não existe qualquer ligação com a precedente série de Graus”, e Saint – Victor declarou positivamente que o Rosa – Cruz é o nec plus ultra ( 2ª parte pag. 118 ), o ápice e término do seu Rito.
Esse erro de Ragon, levou os precursores e de alguns pseudos estudiosos da atualidade, a defenderem, como criador o ilustre escritor Maçom Théodore Henry – Barão de Tschoudy. Entretanto, não há uma única literatura de sua autoria, com citação a Maçonaria Adonhiramita. A sua obra capital é ” L’ Étoile Flamboyante “, de 1766. Tschoudy nasceu em 1720 e faleceu em 1769. A coleção “Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite” foi publicado em 1781, isto é, 12 anos após a morte de Tschoudy, e até os dias atuais, ninguém conseguiu provar, com decomentos, que ele tenha deixado manuscritos para edições futuras. Todavia, se os conceitos emitidos por pesquisadores estrangeiros, também forem contestados, vamos concentrar em uma analise do próprio “Recueil Précieus de la Maçonnerie Adonhiramite”. Na edição, publicada em 1787, traduzida e editada para o português, pela ” ARJS Gilvan Barbosa” de Campina Grande –PB-, que abrange os quatro primeiros graus, há algumas citações que, não foram – ou não quiseram -observadas pelos pesquisadores interessados em manter o “status quo”, sem a devida humildade de reconhecer o erro. Pois se até o Papa João Paulo XXIII, humildemente reconheceu vários erros da Igreja no passado, porque não fazemos o mesmo?
“Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite” Ed. 1787
Na apresentação do Editor Francês da edição
“Para Guillemain Saint – Victor, Adonhiram não parece ser esse preceptor, mas um parônimo de Hiram, o Mestre Maçom. (pag 86)”.” O autor faz seus comentários, apresenta as indicações do comportamento em Loja, os catecismos e os rituais dos quatros primeiros graus, como parecem ter sido praticados em 1781, tentando relatas apenas verdades, pelo menos, de valor histórico “.
Na Advertência do Autor: (Edição de 1787)Quando mandei imprimir minha Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita, em 1781, anunciei a história da Ordem. Seis anos de reflexão provaram-me que apresentar a origem desta maçonaria seria infinitamente mais interessante.
“No Catecismo dos Aprendizes. (do Autor da Edição de 1787)” Esperando que a História da maçonaria, que vou publicar brevemente, persuada muitos Irmãos, poucos instruídos de que esta pergunta dever ser a primeira de seu catecismo….”.A primeira edição do ” Recueil Precieux…..”, foi publicado em 1781, e a edição traduzida pela Loja Gilvan Barbosa” é a de 1787. Analisando esses dados da Edição de 1787, e que o Barão de Tschoudy faleceu em 1769, sem muito esforço mental, podemos concluir:1º – Quem faz a citação de que “Guillemain de Saint – Victor” é o autor, do “Recueil” foi o editor Francês.2º – Que a edição de 1787 é uma complementação da edição de 1781, fica claro com a citação do Editor.”O autor faz seus comentários, … como parecem ter sido praticados em 1781 .3º – O tópico “Advertência do Autor”, determinou peremptoriamente que “Saint – Victor”, mandou imprimir em 1781 a primeira edição, e seis anos depois de “reflexões” ele mandou imprimir outra edição em 1787.
Se o Barrão de Tschoudy, faleceu em 1769, como em 1787 ele poderia ter feito reflexões e mandar editar outra edição ?4º – No tópico do ” Catecismo dos Aprendizes” o autor diz que ira publicar a Historia da Maçonaria, o que fez em também em 1787 com o titulo ” Origine de la Maçonnerie Adonhiramite”.5º – Contudo, se os arrazoados não foram substanciais para os incrédulos vamos a derradeira prova documental no próprio “Recuiel…” onde de modo inusitadamente explícito, o autor no tópico “Violências Exercidas contra os Maçons – Advertência”, publica três cartas, com as seguintes datas, 13 de abril de 1779, 7 de fevereiro de 1778 e 16º do 5º do ano da grande luz 5779.Novamente pergunto, como se o Barão de Tschoudy, faleceu em 1769, poderia publicar no “Recuiel…” cartas de 1778 e 1779 ?.Como diz o escritor maçom, Irmão José Castellani: “História é pesquisa, é documento e não especulação ” (Revista Trolha).
(Texto extraido do site: http://www.pedreiroslivres.com.br)
A DENOMINAÇAO ADONHIRAMITA
O nome Adonhiramita é anterior à Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita constando na Lenda da Ordem dos Cavaleiros Noaquitas que somente admitia como membros, maçons Adonhiramitas, possuidores do grau de Cavaleiro Rosa Cruz.
Originária da Alemanha, foi traduzida por Bérage e inserida por Tschoudy em sua compilação. O editor francês inicia a apresentação da obra nos seguintes termos:
“Adonhiram, nome composto do hebreu Adon e de Hiram, isto é, Senhor Hiram. Mas Hiram é usado aqui como ‘autor da vida’.”
Em nota de rodapé no Catecismo dos Mestres, consta a seguinte explicação:
“Adonhiram, nome hebreu composto de dois outros: Adon, que significa ‘Senhor’, e ‘Hiram’, que significa ‘altivez de vida’. Chamam-no arquiteto do templo, não somente porque a verdadeira igreja segue os planos de Deus Supremo, mas também porque os Maçons estão persuadidos de que ele é o soberano Mestre de tudo…”
Referindo-se à possibilidade de Adonhiram não ser o artífice Hiram Abif, o editor da Compilação continua:
“A Bíblia conhece um personagem chamado, segundo os Livros, Adonhiram (I Reis 4,6), Adoram (II Samuel 20,24), ou Hadoram (II Crônicas 10,18). Trata-se, sob essas três grafias, do encarregado dos impostos de Davi, de Salomão e depois de Roboão. Ele foi apedrejado até a morte pelos israelitas das dez tribos que ‘a partir desse dia foram infiéis à casa de Davi e a Judá’. “
Ainda da Compilação Preciosa, consta uma nota que elimina qualquer dúvida sobre o assunto:
” …Hiram fez um dos bens mais preciosos a Salomão, na pessoa de Adonhiram, saído de seu sangue, filho de uma viúva da tribo de Nephtali. Seu pai chamava-se Hur, excelente operário na arquitetura e na fundição de metais. Salomão, conhecendo suas virtudes, seu mérito e seus talentos, distinguiu-o com o posto mais eminente, dando-lhe a direção do templo e de todos os operários…”
Comparativamente inexiste contradição entre a lenda do mestre construtor ensinada nas sessões adonhiramitas em relação aos demais ritos.
Existe, entretanto, na segunda parte da Compilação Preciosa, outra interpretação, essencialmente fundamentada no texto bíblico, onde o autor deixa claro que o arquiteto do templo não teria sido Hiram Abif e sim, Adonhiram. Hiram Abif, teria sido apenas o artífice das obras de arte:
“…Aduram presidia os trabalhos. Josafat, filho de Ailud, era o cronista…”(II Samuel 20,24)
“Aisar, prefeito do palácio; Adonirão, filho de Abda, dirigente dos trabalhos.” (I Reis 4,6)
De fato, analisando atentamente as Escrituras, qualquer leitor será obrigado a concordar com o autor. Não há menção ao artista natural de Tiro como dirigente dos trabalhos do Templo de Salomão. Este, quando citado, é associado sempre à atividade artesanal. O mesmo não ocorre com Adonhiram, várias vezes citado como dirigente dos trabalhos e, especificamente em II Crônicas 10, 18; é relatada a morte de Aduram, que a serviço do rei, foi assassinado, marcando o início da “dissidência da casa de Israel, que dura até hoje”.
José Daniel da Silva, A Maçonaria Adonhiramita e o Escocismo, Editora A Gazeta Maçônica, São Paulo, 1998
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