Há muito tempo,numa catedral no norte da Itália trabalhava um jovem sacristão.Seu trabalho consistia em conservar a grande igreja e tocar o sino.
Todo dia,antes do início da missa,lá estava o jovem sacristão tocando o sino,chamando os fiéis. Todos o admiravam pela sua dedicação a tão simples tarefa. A sua pontualidade era tamanha que o padre ajustava o seu relógio de acordo com o hórario que o sacristão começava a tocar o sino. Tudo ia muito bem,quando uma ordem do vaticano em prol da modernidade,resolveu substituir o antigo padre por um jovem padre,recém-saído do seminário. Todos viram que o novo padre veio para mudar e modernizar. Suas primeiras providências:pintar a igreja,reformar os bancos,enfeitar o altar e contratar novos sacristãos. Durante a contratação,uma nova exigência do padre:
-Só poderemos contratar funcionários que saibam ler e escrever.
Assustado,o sacristão questionou:
-E quanto a mim?Eu não sei ler nem escrever,nunca tive tempo para isso,pois meu trabalho sempre tomou meu tempo.
-Sinto muito-respondeu o padre-, a justiça é igual para todos. Você não pode permanecer mais em seu cargo; teremos de sudstituí-lo.
O jovem ficou tão decepcionado que andou horas e horas sem rumo pela cidade,pensando no que faria para se manter.De repente,sentiu uma vontade incontrolável de fumar,e o demitido sacristão procurou de um lado a outro da cidade algum lugar que vendesse o tão desejado cigarro.Sua busca foi em vão: em todos os lugares,ou não tinha ou estava em falta. Mais do que depressa,uma luz veio à sua mente:
“Vou montar uma banca para vender cigarros, pois muitos devem ter o mesmo desejo que eu e não ter onde saciá-lo.”
E assim fez. O sucesso foi imediato,pois,além da falta de lugar para comercializar os cigarros,o sacristão tinha muitos amigos. Em pouco mais de um ano,o sacristão já tinha uma fábrica e quatro lojas de cigarros. Como já era empresário de renome,foi procurado por um banco para que abrisse uma conta de sua empresa. Tudo acertado,o gerente pediu-lhe:
-Senhor,assine aqui,e sua conta estará aberta.
Envergonhado,o ex-sacristão respondeu:
-Desculpe-me, mas eu não sei assinar, sou analfabeto.
-Analfabeto?! -admirou o gerente- Se analfabeto o senhor tem tanto dinheiro, imagine se soubesse ler e escrever.
Sorrindo, o sacristão respondeu:
-Que nada, se eu soubesse ler e escrever até hoje estaria tocando sino na igreja e continuaria sendo sacristão do padre.
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