Depois que minha filha me disse que uma pesquisa na internet indicou que 84% da população brasileira tinha como principal interesse saber quem matou Lineu, achei que não poderia ficar de fora dessa estatística.
Sábado decidi assistir à reprise do último capítulo da novela, não obstante todos os matutinos ocuparem suas primeiras páginas para divulgarem a notícia.
O que vi foi deprimente. Não pelas cenas de violência mas pela violência de utilizarem nas gravações uma criança, que estampava no rosto o pânico.
Lamento que os formadores de opinião, que dispõem de espaço na mídia, não condenem, veementemente, essa violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
Isto foi em meados de 2004. Agora que a população brasileira está ansiosa para descobrir quem matou Taís – a gêmea má de Paraíso Tropical – me ocorreu reler esta carta e constatar que o principal produto comercializado pela mídia é a violência. Quando não dispõe de fato real usa a ficção para confinar as famílias em torno de um aparelho de TV, que parece não saber mais viver sem conviver com a violência. A conseqüência é insana. O que vemos é uma população empedernida, quase dependente da violência, fazendo dela sua própria razão de viver. E lá se vão os valores da fraternidade.
Os jornais de hoje falam de uma platéia, que delira com as cenas de tortura de um filme que ainda não foi lançado mas já é sucesso de audiência, justamente pelo tema que aborda. A violência. (26/09/2007)
Isaac Domingos da Silva
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