Mistério, Místico e Misticismo

Mistério, místico e misticismo. Estas três palavras, obviamente de significado correspondente, desde o final do século passado têm sido utilizadas com mais frequência, principalmente no meio crescente de pessoas que buscam alguma informação sobre princípios metafísicos e filosóficos, o que é natural, pois entramos na célebre Era de Aquarius, onde a sensibilidade do ser humano e o interesse por assuntos espirituais progressivamente vai aumentando. Eu mesmo tenho utilizado estes verbetes com frequência em meus artigos. Mas será que utilizamos estas palavras corretamente? Será que sabemos seu real significado? O senso comum sobre estes termos é que se referem a tudo aquilo que é considerado sobrenatural, além da compreensão natural, racional e científica, e mágico. Há mesmo quem entenda estas expressões como relacionadas a práticas contrárias a fé religiosa, seja ela qual for. E isto é bastante natural e compreensível pelas razões que veremos adiante. Os dicionários da língua portuguesa definem o verbete mistério da seguinte maneira: “tudo quanto a razão não pode explicar ou compreender; tudo quanto tem causa oculta ou parece inexplicável; coisa oculta, de que ninguém tem conhecimento; reserva, segredo; proposição difícil de compreender; enigma; ato inexplicável”. É isso mesmo, as definições parecem bem razoáveis e claras. Mas não para aqueles que querem ver “além das letras”. Para este grupo de pessoas acometidas pela sede do saber, é necessário descobrir de onde e por que surgiu a expressão? Afinal, isto em si já é um mistério. A expressão originou-se do grego mystérion, mas seu significado vem do antigo Egito, que foi o verdadeiro celeiro da filosofia grega. Helena Petrovna Blavatski, a famosa “Madame Blavatski”, mãe da Teosofia e considerada uma das maiores ocultistas de todos os tempos, explica numa forma um tanto hermética, como aliás não poderia deixar de ser, que havia duas classes de Iniciados no Egito, e que tal distinção foi mantida pelos gregos e romanos: os Epoptae e os Mystos. Notem que a grafia já é grega, e refere-se aos Iniciados nos Mistérios (ou Arcanos) Maiores no primeiro caso, e aos Menores no segundo. Epoptae significa “aquele que vê as coisas tais quais são”, e Mystos “aquele que vê as coisas tal como parecem ser”. Madame Blavatski afirma também que em determinada época os primeiros, ou seja, aqueles que realmente compreendem o verdadeiro sentido do Universo, que são os Grandes Iluminados da História, ou os Avatares, tornaram-se reclusos e formaram da Grande Fraternidade Branca, que alguns autores julgam estar localizada em algum lugar do Tibet inacessível aos simples mortais; e os Mystos permaneceram “preparando” a humanidade para compreensão da Verdade, dando origem mais tarde aos Maçons, Rosacruzes, e toda classe de “Iniciados Modernos”. Não vou me deter na análise dos Epoptae, mesmo porque, independentemente da hipótese por muitos considerada fantasiosa da existência de uma “morada de Iluminados” denominada Grande Fraternidade Branca, a Iluminação dos Epoptae é alcançada por poucos, e o cerne de nossa análise é a expressão “mistério”. O fato é que os Mystos continuaram trabalhando junto aos seres humanos comuns, e formando novos Iniciados. São famosos os Mistérios de Ísis e Osíris, os Mistérios Persas (de onde surgiu a expressão “mago”); os Mistérios Órficos; os Mistérios de Elêusis, e os Mistérios de Mitra. A globalização cultural promovida pelas conquistas do Império Romano tornou a expansão das Escolas Iniciáticas apenas uma questão de tempo, e após a conversão de Roma à fé Cristã, o próprio Cristianismo absorveu o conceito na formação de seus sacerdotes. A Doutrina Cristã exorta até nossos dias o “Mistério da Fé”. Portanto, Mistério nada mais é que todo conhecimento velado, esotérico, podendo ser metafísico, filosófico ou material, ensinado apenas a Iniciados, ou seja, fora do alcance de pessoas pouco comprometidas com os aspectos espirituais do Universo e a humanidade em si; místico é todo aquele que Iniciado ou não busca a Verdade e uma melhor compreensão da Grande Obra de Deus, e misticismo é exatamente esta prática sagrada, dedicada e nobre, material e espiritual, humana e divina, ascensional e progressista. Resta claro também que os mistérios tratados aqui não são os mesmos dos livros de Agatha Christie, que aliás são muito bons, não é mesmo?   SERGIO EMILIÃO M.I. F R+C   {backbutton}

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Sexta-Feira Treze e as Supertições

Tenho certeza que caso nos fosse perguntado todos e cada um de nós seriamos capazes de mencionar mais de um tipo de superstição, e isto se dá porque indubitavelmente elas são inúmeras. Mas, afinal, o que é superstição? O vocábulo superstição vem do latim superstitio onis, e significa “crença contrária à fé e à própria razão”. A palavra superstição deriva de supersies, também latim, que quer dizer “sobrevivente”, ou “o que está sobre algo”. Podemos constatar a propriedade dessa análise pelo fato de algumas superstições sobreviverem a séculos mesmo após a perda de sua origem cultural, como veremos adiante. Inicialmente o vocábulo significava também vidente, ou profeta, pois o termo era empregado como referência a tentativa do ser humano de explicar algo fora dos domínios da razão, buscando numa instância sobrenatural o sentido e o significado de fatos aparentemente inexplicáveis. Atualmente o conceito de superstição é considerado como o resultado de processos derivados do preconceito em relação a certas práticas, quando estas não se coadunam com as opiniões ou os princípios religiosos de determinada pessoa. Em outras palavras: o indivíduo muitas vezes acometido por fanatismo em relação à sua religião, designa como supersticiosas as atividades ou preceitos de outra doutrina, por não se ajustarem a seus preceitos religiosos pessoais. Não obstante, a superstição não é um conceito cujo significado possa depender da avaliação particular de cada indivíduo. Ela é o resultado de complexos mentais antiquíssimos, que atribuem um caráter religioso e sagrado a determinados fatos ou circunstâncias, desprovidos de conexão com qualquer tipo de prática religiosa ou filosófica presentes numa dada cultura. São crenças infundadas, baseadas em fatos isolados e fortuitos. Além disso, a superstição é na maioria das vezes resquício de antigas práticas realizadas em cultos atualmente inexistentes. Um exemplo disso é o atual costume de bater na madeira para “cortar” alguma negatividade. A origem desse gesto reside nas religiões pagãs que acreditavam que as árvores eram habitadas por divindades, e que ao batermos nelas estaríamos chamando pelo espírito desses deuses. Como hoje em dia não vivemos mais em bosques, mas sim em cidades, substituiu-se as árvores pelo seu produto: a madeira, e assim bate-se em portas, móveis, etc. A superstição leva à prática de gestos, rituais e atitudes contrárias à razão, e cujo fundamento reside nos sentimentos de temor e medo. Ainda de acordo com a etimologia da palavra, uma religião ou prática religiosa, por mais estranha que pareça, não pode ser chamada de superstição desde que seja aceita e praticada pela comunidade, ou, pelo menos, por parte dela. Ela passa a ser, em suma, a aceitação de preceitos e crenças religiosas estranhas e inadequadas aos costumes e sistemas de uma dada sociedade. Em nossa sociedade existem diversos costumes aceitos e praticados frequentemente, sem sofrer qualquer tipo de contestação, mas que, em última instância nada mais são do que o resultado de superstições. Este é o caso, por exemplo, do uso do trevo de quatro folhas como símbolo de sorte. Além disso, existem outras práticas que foram assimiladas por nossa cultura e tratadas com tanta naturalidade que ocultam sua verdadeira natureza supersticiosa. Como exemplo disso há o Carnaval, que é uma reminiscência de ritos pagãos; o hábito de dar a mão como forma de saudação, e a decoração de pinheiros na época do Natal. Segundo o filósofo e místico Baruch Spinoza, dois são os atributos de um indivíduo supersticioso: a inconstância e a credulidade. Spinoza descreve estes dois atributos com o mesmo vocabulário médico que os romanos desde Cícero utilizaram para descrever as paixões do ânimo. Como inconstância, a superstição é equivalente à insanidade (insannia), ou seja, é uma disposição passional do ânimo que bloqueia seu potencial de pensar, sua sã razão. Mens sana in corpore sano, já diziam os estoicos. A insanidade é uma doença que bloqueia a mente sadia. Como credulidade, a superstição é equivalente ao delírio, uma disposição passiva que nada mais é do que a confusão entre a imaginação e a razão, entre ideias adequadas e inadequadas. O crédulo acredita no que lhe aparece, e não distingue o sonho da vigília. Spinoza afirma ainda que a causa da superstição é o medo, mas, devemos observar que nem todo medo é causa de superstição. Em resumo, podemos dizer que Spinoza, em sua obra, faz uma severa crítica aos desejos imoderados que tornam os homens escravos de suas próprias paixões. A ideia de que a mente humana no seu esforço para compreender a realidade é capaz de operar a níveis diferentes é tão antiga quanto a própria filosofia. Há vinte e quatro séculos Platão definiu uma diferença entre o que chamou de “opinião” e “conhecimento”. Platão defendia que “opinião” é uma espécie de consciência incerta, confinada ao particular, inexata e sujeita à mudança, ao passo que o conhecimento é certo, universal, exato e verdadeiro. Cada ser humano começa por operar na vida ao nível da opinião, e só com grande esforço pode escapar-lhe e elevar-se ao nível do conhecimento. Chamou a esse esforço de “educação”, e afirmava que era o meio para abrirmos os olhos da mente para realidades que do ponto de vista da opinião não podem sequer ser imaginadas. Entendo que a distinção que se faz atualmente entre Ciência e superstição é a versão moderna da teoria de Platão. Todos reconhecem que a Ciência revelou verdades extraordinárias. Levou o homem à Lua, erradicou doenças mortais e conduziu-nos à era dos computadores. Quase todos reconhecem também que as superstições são tolices. A superstição leva as pessoas a evitarem passar por baixo de escadas, quebrar espelhos e derramar sal sobre a mesa. Porém, ainda não chegamos a um acordo sobre o que é Ciência, ou conhecimento, e o que é superstição. O que é Ciência para uns pode ser superstição para outros. Por exemplo: será que os símbolos Maçônicos são superstições? Com certeza todos Maçons dirão categoricamente que não, porém, será esta a mesma opinião daqueles que não são? O que será que eles pensam sobre o Compasso, o Esquadro, e o “Olho Que Tudo

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Esotérico e Esoterismo

O adjetivo esotérico e o substantivo esoterismo ganharam no século passado a conotação de tratar-se de tudo aquilo que é ligado ao espiritual, ao metafísico, ao ocultismo, à magia, ao sobrenatural e por aí afora. Com isso é comum entre nós utilizarmos estas expressões para nos referirmos a terapias alternativas, matérias ligadas a filosofia e religião, e até mesmo a superstição. Porém isso é um erro. O termo esotérico, e consequentemente sua prática ou atributo, o esoterismo, não possuía originalmente este significado atual por vezes fantasioso. A maioria dos autores defende que a origem da expressão se deve ao filósofo grego Pitágoras de Samos e da Escola Iniciática por ele fundada na Grécia que recebeu o seu nome. Jâmblico (240-330 a.C.) assim se referia aos discípulos de Pitágoras: “Estes, se tivessem sido julgados dignos de participar nos ensinamentos graças ao seu modo de vida e à sua civilidade, após um silêncio de cinco anos, tornavam-se daí em diante esotéricos, eram ouvintes de Pitágoras, usavam vestes de linho e tinham direito a vê-lo”. Particularmente entendo que o conceito é bem anterior a Escola Pitagórica, e que foi importado do Egito. Mas, de toda forma, não há dúvida de que o verbete utilizado por nós ocidentais originou-se do idioma grego. Além do mais, os princípios e regras Iniciáticas adotadas por Pitágoras em sua escola eram exatamente os mesmos utilizados pelas Escolas Iniciáticas do Egito. Por esta razão creio que a análise possa prosseguir a partir da Grécia. Pitágoras ministrava ensinamentos mais complexos a um grupo seleto de Iniciados que se reuniam num local reservado, discreto e protegido de curiosos, formando uma espécie de círculo fechado, que originou o verbete esotérico, do grego eisô ou êso, (do lado de dentro, internamente, como em esôfago, por exemplo), acrescido do sufixo teros que é um comparativo que dá a ideia do significado do prefixo. Assim, aqueles que tinham permissão para participar de seu círculo íntimo de discípulos, que recebia ensinamentos mais elaborados e de compreensão mais difícil para os cidadãos comuns eram chamados de esôterikos. Em contrapartida, havia também os seguidores que não tinham condições de receber informações de nível mais elevado, e o povo em geral. Estes recebiam ensinamentos mais simples, de forma aberta e publicamente, dando origem a palavra eksôteriko, derivada do prefixo eksô (do lado de fora, externo) e do mesmo sufixo de seu antônimo, citado no parágrafo anterior. Vimos isso se repetir mais tarde com Jesus e seu círculo fechado de Apóstolos ao qual segundo os Evangelhos eram ministrados ensinamentos velados, mais complexos, enquanto o povo era ensinado por meio de parábolas. O que deve ser observado é que apesar de possuir princípios elevados e filosóficos em sua doutrina, a Escola Pitagórica tratava também em seu meio mais íntimo de estudos avançados da Ciência, como Matemática e Geometria, por exemplo. Isto quer dizer que o adjetivo esotérico originalmente era aplicado a todo ensinamento reservado, Iniciático, cuja absorção dependia de certas circunstâncias especiais e das características de quem os recebia. Logo, o termo contrário, exotérico, era utilizado para designar tudo aquilo classificado como de domínio público, que podia ser transmitido abertamente e sem restrições. Não devemos, portanto, confundir esotérico com espiritual ou místico. Aliás, o adjetivo místico, e o substantivo misticismo são as expressões que na minha opinião melhor definem o conceito de esotérico e esoterismo que é utilizado comumente, mas isso é assunto pra outra ocasião. Enfim, resumidamente falando, esotérico é particular (por qualquer razão), e exotérico é público. Simples assim, pelo menos na minha opinião. SERGIO EMILIÃO M.I. FR+C

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Sagrado e Profano

Sagrado e Profano

Se você é Maçom com certeza já ouviu essa expressão. Se não é provavelmente já ouviu também. Mas a pergunta que faço é a seguinte: será que você sabe exatamente o que esse vocábulo quer dizer? Será que realmente há algo de pejorativo e insultante em chamar alguém de profano? Vou tentar esclarecer. A expressão “profano” é um adjetivo formado pela aglutinação do prefixo latino pro (antes, anterior, do lado de fora, externo, etc.), e fanum (templo), formando o vocábulo original profanum, que significa literalmente “aquele que está do lado de fora do templo”. Como a expressão é latina nossa ideia imediata é que seu uso tenha se originado no Império Romano, o que é verdade, porém o conceito é bem anterior, e remonta às antigas Tradições Iniciáticas já existentes na Suméria, Egito e Grécia. As antigas Tradições Iniciáticas destas civilizações não permitiam o acesso de qualquer pessoa a seus ensinamentos. Para ingressar numa destas Escolas de Mistérios os candidatos tinham que se submeter a uma rigorosa seleção que ia desde a análise do caráter e antecedentes do candidato, até a comprovação de sua coragem e determinação. Após essa fase probatória os candidatos admitidos se tornavam Iniciados, e a partir daí adquiriam o direito de participar das reuniões e receber os seus ensinamentos. Estas reuniões, onde ensinamentos místicos e esotéricos eram ministrados aos participantes, eram realizadas num local considerado sagrado que se denominava templo, obviamente resguardadas as diferenças entre cada idioma. Ao ingressar nestas Ordens Iniciáticas os membros prestavam juramento de não revelar a estranhos nada do que se passava no interior dos templos. Desta forma os Iniciados, que obtinham permissão de acesso mediante senhas e códigos só conhecidos dos membros, podiam ingressar no templo, e os que não eram Iniciados ficavam do lado de fora. Assim, fica claro que os que não podiam entrar nos templos Iniciáticos não o faziam porque eram leigos, estranhos àquela sociedade, e não porque não queriam ou< por aversão a tais Escolas, muito embora também houvesse casos assim, é claro. Tanto esta prática quanto este conceito chegaram a Roma, e por consequência, após sua conversão à fé Cristã, à Igreja. Foi aí que surgiu o conceito de sagrado, sacro, ou Iniciático para tudo aquilo que era velado e só transmitido a um seleto grupo de pessoas: os que tinham permissão de ingressar nos templos; e profano: para os leigos não Iniciados que ficavam do lado de fora. Mais tarde a Idade Média deturpou o conceito original do termo profano e lhe atribuiu o significado de tudo aquilo que transgredia regras sagradas ou não respeitava a doutrina religiosa. Profano, impuro, ateu e herege tinham praticamente o mesmo sentido nesta época. Profano passou a ser antônimo de fiel. Foi também neste período negro da História que surgiu o verbo profanar, aplicado a ladrões que violavam túmulos e roubavam igrejas. Esta expressão ganhou ainda um simbolismo mais pernicioso no século XX como consequência das descobertas de túmulos de faraós egípcios, expandindo-se ao cinema e tornando-se mais popular com os famosos filmes sobre múmias ressuscitadas que vingavam a profanação de seus mausoléus. Na verdade, se considerarmos que o verbo se originou da prática de permanecer do lado de fora dos templos, ou seja, de ser um leigo ou um não Iniciado, o significado correto do verbete profanação deve ser entendido como tornar público algo que é velado e de conhecimento restrito, nada mais. Ser profano não é cometer um crime, nem tampouco algum pecado. Ser profano é apenas e somente ser leigo em relação a um determinado assunto de domínio limitado a determinada classe, da mesma forma que existe o civil e o militar, o público e o privado, o sacerdote e o fiel. O conceito de profano na verdade representa condições opostas: o comum e o sagrado, o leigo e o Iniciado, o material e o espiritual. Portanto, se daqui pra frente você ouvir alguém se referir a você como um profano não se ofenda. Não há nada de pejorativo nisso. Mas se isso realmente o incomodar, é porque na verdade a condição de não Iniciado o aflige, não o termo. Talvez esteja na hora de você se tornar um Iniciado. Já pensou nisso?

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O Sentido do Tantra

Em nossos caminhos espirituais, muitos já devem conhecer algo sobre o Tantra. Em livrarias, artigos ou até mesmo em bancas de jornal, o tantra tem sido divulgado entre nós de forma cada vez mais rápida e diversificada, inclusive em inúmeras comunidades no Orkut, sites, cursos, workshops, etc. Um fator que deve ser motivo de nossa preocupação é a qualidade e fidelidade dessas informações, se estão ou não preservadas em sua essência, se estão ou não baseadas nos ensinamentos tântricos de mestres como Tilopa, Naropa, Saraha, Gorak, Milarepa, etc. Não é raro lermos matérias e artigos com chamadas do tipo, descubra os segredos do orgasmo tântrico, seduza o seu parceiro através do tantra, tenha mais orgasmos! Será que é isso que esses honoráveis mestres espirituais propunham através do Tantra? Parece que para evitar essas distorções, esses mal-entendidos, esses mesmos mestres e muitos outros, ensinavam secretamente o Tantra, que passou a ser conhecido como veículo secreto, dharma secreto ou modo de vida secreto, pois de alguma forma sabiam que a compreensão errada, a prática mal entendida em suas bases, poderia ser mais prejudicial do que benéfica. Mas afinal, o que há de secreto no tantra? Porque no ocidente passou a ser sinônimo de sexo? O que queriam evitar quando o denominaram de modo de vida secreto? Há algum perigo em suas práticas? Entender essas questões é primordial para entendermos o próprio sentido do tantrismo. Para tal, devemos nos recordar, que o tantra é uma tradição espiritual, um conjunto de conhecimentos e práticas profundamente enraizados na meditação, que se propoem a nos conduzir a um estado além do desejo, além do círculo de sofrimentos causado pelo apego aos prazeres sensoriais e não a um reforço do prazer através do desempenho de qualquer espécie. Entretanto, o que diferencia o tantra das demais tradições e o que o torna exclusivo e tido como um caminho elevado para a iluminação é justamente o uso do “veneno” como o antídoto do próprio “veneno”, isto é, penetrar em nossa própria ilusão para superar a ilusão, penetrar em nosso próprio desejo, para superar o desejo. Esta é a chave principal do tantra: permitir entrar na sexualidade, de forma consciente e contemplativa, para ir além das próprias amarras do sexual, se permitir adentrar na raiva, para superar as ilusões da raiva. Isto é, só iremos transcender algo, se pudermos vivenciar esse algo de forma plena, consciente e meditativa. Em leu livro, O Mundo do Budismo Tibetano, encontramos a seguinte exposição do atual Dalai Lama: “(…) Portanto, num sentido, podemos dizer que é a própria ilusão – na forma da sabedoria derivada da ilusão – que efetivamente distrói as ilusões, pois é essa bem-aventurada experiência da Vacuidade, induzida pelo desejo sexual, que dissolve a força dos impulsos sexuais… Essa utilização das ilusões, como parte integrante do caminho da iluminação, é uma característica exclusiva doTantra”. (p.142) Outra característica importante do Tantra é ser considerado um método que lida com características femininas, como a sensibilidade, a percepção, a intuição, o relaxamento, em contraponto com as tradições e sistemas eminentemente masculinos, que lidam com a resistência, o esforço, a superação, a ação. Quanto a isso, o mestre indiano Osho, compara as tradições tântricas com a tradição do yoga e afirma serem tradições não só diferentes, como até mesmo opostas. Enquanto o yoga é uma tradição masculina, yang, solar, onde o praticante é estimulado através do esforço e da ação a superar a si mesmo, superar a dor, aprimorar a postura e a resistência, o tantra é uma tradição feminina, yin, lunar, onde se trabalha a capacidade de relaxamento, de prazer, de seguir nossa natureza de forma meditativa e não lutar contra ela. Ir. Carlos Eduardo Bouzada

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Exercício para trazer paz

Exercício para trazer paz

Para trazer paz ao mundo ou em qualquer desarmonia – pessoal, familiar, social, mundial – podemos fazer com que a paz retorne e, mansamente, preencha nossa consciência. Essa paz tem origem na Alma e está sempre pronta a se expressar em todas as circunstâncias de nossa vida.  Sua ação independe das coisas externas. Sempre temos oportunidades de optar pela paz.  Apreveitemoa esta prerrogativa e façamos agora esta experiência. Sente-se confortavelmente.  Faça algumas respirações relaxantes, de modo calmo, suave e profundo.  Ao inalar, diga mentalmente a palavra “Deus”.  Faça o mesmo ao exalar. Continue respirando assim.  A paz que você busca vem de Deus e ela vai acalmar qualquer perturbação.  Essa é a paz que a sua alma conhece, e cada respiração a proclama.  Essa paz ultrapassa toda compreensão humana. Enquanto continua relaxando, respirando e dizendo mentalmente o nome de Deus, observe que toda ansiedade, todos os medos e preocupações estão lentamente desaparecendo, enquanto a paz preenche todo o seu ser: corpo, mente e espírito. Quanto mais relaxa, respira e se acalma, maior é o seu acesso a toda paz de que necessita.  Essa paz é a própria essência de seu ser.  Sua alma está infundindo essa paz em cada átomo, célula e função da sua mente e do seu corpo. Essa condição e esse lugar de paz estão sempre disponíveis para você.  Saiba disso e use esse conhecimento a qualquer hora.  A paz nunca está separada de você, assim como Deus nunca está separado de você.  Você não precisa mais se sentir com medo, sozinho ou perturbado. Você está confortado, nutrido, sereno, seguro e protegido.  O poder do Infinito está agora fluindo para você e através de você.  Feche os olhos e contemple essa paz por alguns instantes. Faça desta prática uma constante em sua vida. Assim seja!   * Compilado da Revista Rosacruz nº 260 – ano 2007     {backbutton}

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Deus e a Ciência

Permanentemente nos vemos envolvidos com a dicotomia entre Deus e a ciência. É senso comum que a ciência questiona a todo custo sua existência, inclusive com a pretensão de comprovar racionalmente, ou através da lógica, que Ele não existe. O que nos leva erroneamente a presumir que todos os homens de ciências são obrigatoriamente materialistas e ateus. Suspeitamos que estas convicções tenham se originado durante a Idade Média, e prosperado com o evento da Santa Inquisição. Todos nós lembramos ao menos de Galileu Galilei renegando sua teoria heliocêntrica para fugir da fogueira. Quantos mais refutaram, ou ocultaram suas pesquisas e descobertas movidos pelo instinto de sobrevivência e pelo medo de serem rotulados como bruxos ou hereges? Mas nem sempre foi assim. Os filósofos e sábios da antiguidade, os sacerdotes egípcios, os druidas, assim como os alquimistas medievais, sequer cogitavam a possibilidade da inexistência de Deus, e isto não os afastou de suas pesquisas e descobertas, e principalmente do desejo de conhecer e entender o Universo e os princípios Cósmicos da Criação. Todos nós já ouvimos falar que Isaac Newton e Benjamin Franklin, dentre outros físicos ilustres do passado, pertenciam a “sociedades secretas”, e se examinarmos com atenção a filosofia existente por trás destas “sociedades secretas”, veremos que todas apregoavam a existência de Deus. Sem duvida há algo errado. Parece-nos que num determinado período da história, a Igreja, certamente levada pelo medo de perder sua hegemonia e influência político-social, e temendo a derrubada de seus dogmas, determinou a separação dos “assuntos do homem” dos “assuntos de Deus”, e assim todos aqueles que buscavam estudar e compreender a Criação por intermédio de enunciados científicos tornavam-se proscritos. Não é de admirar que estas pessoas desenvolvessem antipatia pela Igreja e as religiões, e sem dúvida tais sentimentos contaminaram gerações de seus descendentes resultando, num curto espaço de tempo, numa legião de cientistas obcecados pela idéia de provar que Deus não existe. Será que apenas para provocar a Igreja e o clero? Nós mesmos, não conhecemos nenhuma pessoa que seja integralmente materialista. Todos que afirmam não acreditar em Deus anseiam intimamente que Ele exista. O que os antigos sabiam, os verdadeiros místicos sabem, e o homem comum parece ter se esquecido, é que qualquer manifestação em nosso plano de existência tem caráter dual, ou seja: um lado material e outro espiritual. O Universo é regido por leis harmônicas, complementares e equilibradas, como sintetizado no símbolo Taoísta do “Yin e Yang”. Os físicos e cientistas descobriram que o Universo se comporta como um mecanismo de relógio de alta precisão, mas será que este mecanismo poderia ter “nascido” do nada? Acreditar que o acaso foi o arquiteto deste mecanismo não nos parece lógico, afinal, como pode a ordem se originar do caos? Com o advento da física quântica, novas possibilidades se descortinaram para o mundo científico, e ao que parece, a ciência retoma sua jornada de união com Deus. Atualmente, renomados cientistas e estudiosos da mecânica quântica reconhecem a existência do “fator Deus”, ou seja, em determinado momento de suas experiências de laboratório, uma “energia” desconhecida e aparentemente “inteligente” interfere e dirige os fenômenos pesquisados provocando resultados não somente inesperados, mas totalmente contrários ao que a física convencional entende como possível. Os místicos sabem disso há milênios, e reconhecem essa “energia criadora” como Deus. Não há como explicar Deus sob o ponto de vista científico, porém também não é lógico negar a existência de um Ser Superior, seja lá qual for o nome que se lhe atribua. Isto ocorre porque a mente humana, em sua existência material é limitada. Esta situação encontra-se simbolicamente ilustrada no Livro do Gênesis, da Tradição Judaico-Cristã. Diz o Gênesis que no Jardim do Éden havia duas árvores: a do conhecimento do bem e do mal e a da vida, sendo que o Homem só provou do fruto da primeira, ou seja, o homem nunca viverá materialmente o suficiente pare entender o que é Deus. Já tivemos oportunidade de falar aqui sobre a percepção de Deus, e se você não leu sugiro dar uma olhada em nosso texto, sem compromisso. A percepção de Deus é uma experiência mística e subjetiva, somente alcançada pela introspecção e busca interior de si mesmo. A ciência dos homens será sempre incapaz de comprová-lo, mas cada pétala de rosa aberta em nosso interior há de nos mostrar Sua existência. Sérgio Antonio Machado Emilião Mestre Maçom Frater R+C  

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A Origem da Palavra Irmão

Os membros da Maçonaria, unidos pelo Amor Fraternal, qualquer que seja o seu grau, dão–se o tratamento de “Irmão”. É o título que geralmente se dão, mutuamente, os religiosos de uma mesma Ordem e de um mesmo convento e também os membros de uma mesma associação. Esse tratamento existe em todas as sociedades iniciáticas e nas confrarias, em que o seu significado é a condição adquirida com a participação de um mesmo ideal baseado na amizade. É o tratamento que se davam entre si os maçons operativos. A origem do cordial tratamento de “Irmão” afirma que esse tratamento foi adotado e nunca mais olvidado pelos maçons, desde os tempos de Abraão, o velho patriarca bíblico. Reza a história que estando ele e sua mulher Sara no Egito, lá ensinavam as 7 ciências liberais (gramática, lógica e dialética, matemática, geometria astronomia e música), e contou entre os seus discípulos com um de nome Euclides. Tão inteligente que não demorou nada em tornar-se mestre nas mesmas ciências, ficando por isso bastante afamado como ilustre personagem. Então Euclides, a par com suas aulas, estabeleceu regras de conduta para o discipulado; em primeiro lugar cada um deveria ser fiel ao Rei e ao país de nascimento; em segundo lugar, cumpria-lhes amarem-se uns aos outros e serem leais e dedicados mutuamente. Para que seus alunos não descuidassem dessas últimas obrigações, ele sugeriu a eles que se dessem, reciprocamente, o tratamento de “Irmãos” ou “Companheiros”. Aprovando inteiramente esse costume da escola de Euclides, a Maçonaria resolveu sugeri-lo aos seus iniciados, que receberam-no com todo agrado, sem nenhuma restrição, passando a ser uma norma obrigatória nos diversos Corpos da Ordem. De fato, traduz uma maneira de proceder muito afetiva e agradável a todos os corações dos que militam em nossos Templos. Assim passaram os Iniciados ao uso desse tratamento em todas as horas, quer no mundo profano, quer no maçônico. O Poema Regius, que data do ano de 1390, aconselha os operários a não se tratarem de outra forma senão de “meu caro Irmão”. Por isso o tratamento de Irmão dado por um maçom a um outro, significa reconhecimento fraternal, como pertencente à mesma família. Os maçons são Irmãos por terem recebido a mesma Iniciação, os mesmos modos de reconhecimento e foram instruídos no mesmo sistema de moralidade. Além da amizade fraternal que deve uni-los, os maçons consideram-se Irmãos por serem, simbolicamente, filhos da mesma mãe, a Mãe-Terra, representada pela deusa egípcia Ísis, viúva de Osíris, o Sol, e a mãe de Hórus. Assim os maçons são, também, simbolicamente, Irmãos de Hórus e se autodenominam Filhos da Viúva. Durante a Iniciação quando o recipiendário recebe a Luz, seus novos Irmãos juram protegê-lo sempre que for preciso. A partir daquele momento, todos que a ele se referem o tratam como Irmão. Os filhos de seus novos Irmãos passam a tratá-lo como “Tio” e as esposas de seus Irmãos passam a ser sua “Cunhada”. Forma-se nesse momento um elo firme entre o novo membro da Ordem e a família maçônica. A Maçonaria não reconhece qualquer distinção entre raças, crenças, condições financeira ou social entre seus obreiros. Há séculos vem a Sublime Instituição oferecendo a oportunidade aos homens de se encontrarem e colherem os frutos do prazer de conviver sempre em paz, em união e concórdia, como amigos desinteressados, dentro de um espírito coletivo voltado à prática do bem, guiados por rígidos princípios morais, sem desavenças e dissensões. Os membros de nossa Ordem aprendem a destruir a ignorância em si mesmos e nos outros; a ser corajosos contra suas próprias fraquezas, lutar contra seus próprios vícios e também contra a injustiça alheia. São estimulados a praticarem um modo de vida que produza um nível elevado em suas relações com seus Irmãos, aos quais dedicam amizade sincera e devotada. São fiéis cumpridores de todo dever cujo cumprimento lhes seja legalmente imposto ou reclamado pela felicidade de sua Pátria, de sua Família e da Humanidade. Jamais abandonará sua prole, seus Irmãos e seus amigos, no perigo, na aflição ou na perseguição. Sobre o coração do maçom está o símbolo do amor, da amizade, da razão serena e perseverante. O que o distingue na vida profana é sua aversão à iniquidade, à injustiça, à vingança, à inveja e à ambição, sendo ele constante em fazer o bem e em elogiar seus Irmãos. O verdadeiro Irmão é aquele que interroga sua consciência sobre seus próprios atos, pergunta a si mesmo se não violou a lei da justiça, do amor e da caridade em sua maior pureza; se não fez o mal e se fez todo o bem que podia; se não menosprezou voluntariamente uma ocasião de ser útil; se ninguém tem o que reclamar dele. E quando não tem uma palavra que auxilie, procura não abrir a boca… (Se for falar, cuida para que suas palavras sejam melhores que o seu silêncio). O Irmão, possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem esperança de recompensa, retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seu interesse à justiça. Ele é bom, humano e benevolente para com todos, sem preferência de raças nem de crenças, abraça o branco e o preto ( pois não é a cor, mas sim o talento e a virtude que faz um homem elevar-se por sobre os demais), o rico e o pobre, o jovem e o velho, o sábio e o ignorante, o nobre e o plebeu, porque vê Irmãos em todos os homens. Porém, devemos observar que nem o rico, o príncipe ou o sábio, devem “descer” para o nivelamento. Não descendo ao nível deles mas, sim, ajudando-os a se levantarem e poderem melhor enxergar o horizonte. É caminhando que se faz o caminho. Pensando, agindo, sentindo, sofrendo, aprendendo e corrigindo. Fazendo melhor em seguida. Se comprometendo a sempre ensinar aos capazes, o que se aprendeu. Capacitando-os. Perpetuando a GNOSE adquirida. Quem deverá “subir” é o pobre; pobre no sentido de

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